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Bolsonaro reage a tarifa de Trump com citação bíblica para criticar Lula

O ex-presidente também endossou uma publicação de seu filho, Carlos Bolsonaro, que havia abordado o que chamou de "tortura diária" contra seu pai

Por Estadão Conteúdo Publicado em 09/07/2025 às 23:55 | Atualizado em 10/07/2025 às 0:02

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ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) utilizou suas redes sociais nesta quarta-feira, 9, para lançar uma crítica velada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A publicação de Bolsonaro, que citou um versículo bíblico, veio horas após o anúncio de Donald Trump de uma tarifa extra de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, a partir de 1º de agosto.

"Quando os justos governam, o povo se alegra. Mas quando os perversos estão no poder, o povo geme – Provérbios 29:2", escreveu Bolsonaro em sua conta na rede social X, em alusão à gestão atual.

O ex-presidente também endossou uma publicação de seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-SP), que na terça-feira, 8, havia abordado o que chamou de "tortura diária" contra seu pai.

"A verdade precisa ser sempre lembrada, para que todos enxerguem que se trata de uma perseguição implacável, sem precedentes na história do Brasil", disse Carlos. Curiosamente, Jair Bolsonaro não fez menções diretas a eventuais prejuízos econômicos para o País decorrentes da medida americana.

 

A Tarifa de Trump e Suas Justificativas

A imposição da tarifa de 50% por Donald Trump foi formalizada em uma carta endereçada a Lula, divulgada no Truth Social. No texto, o ex-presidente americano justificou a decisão mencionando a situação judicial de Bolsonaro, que ele classificou como perseguição, e acusou o Supremo Tribunal Federal (STF) de censurar ilegalmente plataformas americanas que operam no Brasil.

"O modo como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado no mundo, é uma desgraça internacional", declarou Trump. "Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!"

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A resposta do governo Lula: Reciprocidade econômica

Diante da medida unilateral de Washington, o presidente Lula afirmou que o Brasil responderá à altura, com base na lei de reciprocidade econômica, aprovada pelo Congresso neste ano. "Qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica", disse o presidente, sinalizando uma postura firme do governo brasileiro.

Bolsonaristas celebram e culpam o governo atual

A decisão de Trump gerou um misto de comemoração e acusações entre os apoiadores de Jair Bolsonaro. O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) expressou gratidão a Trump, escrevendo em uma rede social: "Obrigado pelo apoio @realDonaldTrump nosso grande presidente @jairbolsonaro está sofrendo uma perseguição real por um regime comunista".

Giovani Cherini (PL-RS) complementou, afirmando que "A pressão internacional cresce diante dos abusos cometidos no Brasil".

Outros bolsonaristas buscaram desviar o foco dos potenciais danos econômicos, atribuindo a culpa ao governo Lula.

O deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) rechaçou a ideia de que a medida de Trump seria um ataque à soberania do sistema de Justiça brasileiro, afirmando que "não é um ataque dos EUA sobre a nossa soberania, é os EUA se defendendo de governos que são seus inimigos".

Ele concluiu que "Tarifas e Sanções são ruins para o Brasil mas é o tratamento padrão para os inimigos da liberdade".

Filipe Barros (PL-PR), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, culpou "todos os que perseguiram a direita e todos os que se omitiram diante disso" pela sanção internacional.

Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está licenciado de seu mandato para viver nos Estados Unidos e diz ter se esforçado para conseguir sanções contra o STF, também se manifestou. "A brincadeira de Lula nos BRICS vai sair caro para todos os brasileiros. Algum empresário nacional ainda apoia Lula? Como disse o Pres. @jairbolsonaro: vocês vão botar um pinguço para dirigir o País e acham que isso vai dar certo?", escreveu, referindo-se ao encontro do bloco que causou incômodo em Trump pela busca por negociações em moedas locais.

Outros parlamentares bolsonaristas seguiram a mesma linha de culpar o governo atual. Júlia Zanatta (PL-SC) afirmou que "O PT é uma arma de destruição em massa. Com Lula o imposto aumentou interna e externamente".

Para Eduardo Pazuello (PL-RJ), o "atual presidente jogou o país no precipício. E quem pagará essa conta é o povo brasileiro". Gustavo Gayer ironizou que "Lula lutou tanto por mais taxas que conseguiu junto com o STF uma taxa 50% para os próprios americanos".

Delegado Caveira alertou que "O Brasil pode ser novamente taxado pelos EUA por causa das atitudes do desgoverno Lula. Confrontar a maior democracia e economia do mundo é um erro grave que pode custar caro ao nosso país. O prejuízo será de todos os brasileiros".

E Rosana Valle (PL-SP) concluiu que o "governo Lula brinca com a democracia, agora o país paga a conta. Mais uma vez, quem sofre é o povo".

A "bancada Anti-Moraes" no Congresso Americano

A articulação de Eduardo Bolsonaro por sanções ao STF em território americano tem encontrado eco em uma espécie de "bancada anti-Moraes" no Congresso dos EUA. Deputados e senadores americanos têm embarcado na ofensiva contra a Suprema Corte do Brasil, participando de encontros com o deputado licenciado.

Uma das parlamentares mais simpáticas à missão de Eduardo, a deputada María Elvira Salazar (Flórida), reagiu à decisão de Trump e apelou para que a Casa Branca aplique a Global Magnitsky – lei que permite ao governo americano impor sanções contra autoridades de outros países que violem direitos humanos – contra Alexandre de Moraes, ministro do STF responsável pela ação que pode condenar Bolsonaro à prisão.

"Alexandre de Moraes é uma ameaça direta à liberdade política no Brasil e em todo o nosso hemisfério. Os Estados Unidos precisam agir agora: congelar seus bens, revogar seu visto e enviar uma mensagem clara e contundente: não toleraremos juízes autoritários perseguindo a oposição política e atacando a liberdade", escreveu Salazar.

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