Com contagem manual, resultado da eleição interna do PT fica para esta segunda-feira
Votos foram registrados em cédulas de papel para definir novos dirigentes em nível nacional, estadual e municipal. Resultado deve sair até às 14h.

O Partido dos Trabalhadores realizou, neste domingo (6), o primeiro turno das eleições que vão definir os novos dirigentes da sigla em todos os níveis: nacional, estadual e municipal. O resultado, porém, será anunciado nesta segunda-feira (7) devido ao processo de contagem manual dos votos, que foram registrados em cédulas de papel.
A votação ocorreu nacionalmente das 9h às 17h. Os votos foram realizados com papel porque o partido não obteve autorização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para usar urnas eletrônicas.
Além dos presidentes dos diretórios, também serão eleitos os membros das comissões de Ética, Conselhos Fiscais e os delegados para os encontros partidários. Os mandatos são de quatro anos.
Segundo a direção da legenda, quase 3 milhões de filiados estavam aptos a votar. O único estado em que não houve votação foi Minas Gerais, onde a eleição foi suspensa após uma determinação judicial obrigar a inclusão da deputada federal Dandara Tonantzin na véspera do pleito.
A candidatura dela havia sido indeferida pela direção do partido por não ter efetuado o pagamento das contribuições partidárias dentro do prazo previsto. Devido ao prazo curto, o partido optou por não realizar a votação no estado. Uma assembleia será realizada nesta segunda (7) para definir os rumos da votação no diretório estadual.
Embora esse adiamento possa interferir diretamente no resultado da eleição para presidente nacional do partido, uma vez que nenhum voto foi depositado no estado, o atual presidente da sigla, senador Humberto Costa, afirmou que o anúncio pode ocorrer normalmente nesta segunda-feira.
O prazo para que os diretórios municipais informem os resultados ao sistema nacional é às 14h. "Se o candidato que chegar em primeiro lugar independa dos votos de Minas para ser considerado como presidente, nós vamos anunciá-lo, embora não seja ainda o resultado oficial", declarou Humberto ao Estadão.
Concorrem à presidência nacional do partido o ex-prefeito de Araraquara e preferido de Lula, Edinho Silva; o secretário do PT Romênio Pereira; o deputado federal e ex-presidente do partido Rui Costa; e o historiador Valter Pomar.
Caso nenhum candidato conseguir mais de 50% dos votos válidos, haverá segundo turno no dia 20 de julho.
Lula votou no Rio de Janeiro
O presidente Lula, que está no Rio de Janeiro para a Cúpula do Brics, votou no hotel onde está hospedado na capital carioca.
Antes dos compromissos com os outros líderes do bloco, ele depositou o voto em uma urna levada pela direção do partido especialmente para coleta do voto do presidente.
Lula estava acompanhado da primeira-dama Janja e do presidente estadual do PT no Rio de Janeiro, João Maurício. O momento foi registrado pelo partido em uma rede social: "Exemplo dado e direito exercido", dizia a publicação.
Eleição em Pernambuco
Em Pernambuco, o deputado federal Carlos Veras e o ex-deputado federal Fernando Ferro disputam a presidência estadual do partido. Os dois depositaram seus votos no período da manhã, no Recife.
Carlos Veras votou na escola José Maria, no bairro de Santo Amaro. Em entrevista ao JC, o parlamentar afirmou que, caso seja eleito, deseja uma gestão ampla a partir da regionalização da organização do partido. Ele estava acompanhado do senador Humberto Costa, dos deputados estaduais João Paulo e Rosa Amorim e da vereadora do Recife Kari Santos.
"A gente precisa ter presença de base, esse é o nosso objetivo. Descentralizar as reuniões do partido, fazer seminários em todo o estado, criar um planejamento estratégico para as direções municipais, regionalizar a nossa organização. Além disso, integrar os mandatos do Executivo e do Legislativo para ter um partido cada vez mais forte", declarou.
Carlos Veras conseguiu aliança com a maioria das frentes petistas do estado, absorvendo apoio de outros cinco nomes que haviam se candidatado no início da campanha, aparecendo como favorito no pleito.
"Acreditamos em nossa vitória em razão de nossa construção coletiva que reúne um grande e amplo conjunto de lideranças partidárias, sindicais e sociais, que se farão representar nas urnas hoje para a afirmação de um PT forte, unido e popular”, declarou o deputado, acrescentando que, em caso de vitória, terá a oportunidade de renovar as bandeiras do partido e revigorar a luta por justiça social.
Fernando Ferro votou na escola Darci Ribeiro, no bairro do Cordeiro, zona Oeste do Recife. Ele reforçou a campanha por uma maior autonomia do partido a nível local e nacional. "Nós levamos uma mensagem para despertar o PT para sua importância de seu papel na política, seu protagonismo. Essa eleição deu uma chacoalhada importante no PT para despertar sobe a importância do partido para os desafios de 2026", declarou o candidato.
Ele esteve acompanhado de Pedro Alcântara, candidato à presidência do diretório do PT no Recife, e também recebeu apoio do deputado estadual João Paulo, que momentos antes havia prestigiado o adversário de Ferro.
Fernando Ferro acredita que o Partido dos Trabalhadores precisa trabalhar na reeleição de Lula em 2026. Segundo ele, que tem histórico de militância combativa, o partido precisa dos apoiadores.
"Se não for o povo nas ruas, o presidente Lula será engolido por essa onda de mídia burguesa e de interesses reacionários contra seu governo. Estamos vendo a campanha que está em curso. O PT é ponta de lança da defesa do presidente Lula e da sua vitória, do crescimento da bancada, da manutenção da nossa representação no Senado", disse. "Temos que colocar essa militância viva e cada vez mais atuante e confiante na legenda", completou o candidato.
Em algumas seções do estado, especialmente no Recife, as votações ultrapassaram o limite das 17h com os filiados que já estavam dentro dos colégios eleitorais devido à alta adesão de votantes, que gerou filas no fim do horário para voto. No Recife, os candidatos foram o vereador Osmar Ricardo, Jairo Britto e Pedro Alcântara.
A eleição do partido mira diretamente na eleição de 2026, quando o partido deverá escolher se rumará com o prefeito João Campos na disputa pelo governo estadual, a partir da aliança nacional da legenda com o PSB, ou se estará no palanque da governadora Raquel Lyra (PSD), como defende uma ala petista local.
O presidente Lula, inclusive, poderá optar por estar nos dois palanques, caso não queira se indispor com qualquer um dos lados. Apesar disso, o partido, enquanto instituição, deverá escolher um dos lados para firmar a chapa, já que uma candidatura própria está fora de cogitação.