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Governo Lula avalia judicializar derrubada do IOF após análise da AGU, afirma Haddad

Ministro nega conflito com Legislativo, mas defende: 'Presidente não pode abrir mão de atribuições fiscais'; AGU fará análise técnica

Por Pedro Beija Publicado em 27/06/2025 às 16:59

*Com informações do G1

Após a derrubada do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pela Câmara dos Deputados, na última quinta-feira (25), o governo Lula acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para avaliar se a decisão fere a separação de Poderes. O movimento foi revelado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista ao Estúdio I, da GloboNews, nesta sexta-feira (27).

Haddad afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aguarda um parecer técnico para decidir se recorrerá ao Judiciário.

"Se a AGU entender que há usurpação de atribuições do Executivo, teremos que judicializar a questão. O presidente não pode abrir mão de competências constitucionais", declarou.

A equipe econômica estima que, sem o aumento do IOF, o governo deixará de arrecadar R$ 20 bilhões neste ano — valor que precisará ser compensado com cortes ou novos ajustes fiscais.

Fechamento de brechas e impacto arrecadatório

O ministro rebateu críticas de que a medida teria motivação meramente arrecadatória. Ele explicou que o ajuste no IOF, elevando a alíquota para 3,5% em operações de crédito, corrigiu uma distorção herdada do governo Bolsonaro, quando a taxa chegou a cair para 0%.

"Não aumentamos impostos, apenas fechamos brechas que permitiam driblar a tributação", argumentou.

Segundo Haddad, antes da mudança, algumas operações financeiras eram "maquiadas" para evitar a cobrança.

"O percentual já foi superior a 6% e ninguém questionava. Agora, estamos retomando um patamar mais justo", disse.

A derrubada pelo Congresso, no entanto, inviabilizou a medida, pressionando o cumprimento da meta fiscal de déficit zero em 2025.

Incentivos fiscais sob revisão

O ministro também reforçou a necessidade de revisar os R$ 800 bilhões em incentivos fiscais concedidos a setores empresariais.

"Não há orçamento que sustente esse volume sem contrapartidas", afirmou.

Ele destacou que a equipe econômica trabalha para equilibrar as contas públicas, mas que o diálogo com o Congresso é essencial.

"Não se trata de confronto, e sim de transparência. Precisamos discutir os impactos das decisões sem histeria", completou.

Sistema político exige nova estratégia

Haddad comparou o atual cenário político com os governos de Fernando Henrique Cardoso e do primeiro mandato de Lula, ressaltando que as negociações hoje demandam abordagens diferentes.

"O regime mudou. Quem não adaptar sua forma de articular ficará defasado", disse, citando brincadeiras com o ministro Flávio Dino (STF) sobre as peculiaridades do presidencialismo brasileiro.

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