Liderança nacional | Notícia

João Campos assume presidência nacional do PSB com presença de Lula e foco na aliança com o PT

Com apoio de Lula e Alckmin, João Campos assume o PSB e tenta equilibrar renovação política com alianças estratégicas. O evento aconteceu em Brasília

Por JC Publicado em 01/06/2025 às 13:18 | Atualizado em 01/06/2025 às 16:25

O prefeito do Recife, João Campos, foi empossado neste domingo (1º) como presidente nacional do PSB, em cerimônia que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A legenda, que atualmente ocupa a vice-presidência da República e comanda dois ministérios no governo federal, passa a ser liderada por um dos principais nomes da nova geração da esquerda brasileira.

A chegada de João à presidência do partido dá continuidade à trajetória de sua família na legenda. O PSB já foi liderado por seu pai, Eduardo Campos, falecido em um acidente aéreo em 2014, e por seu bisavô, o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes.

"Vamos botar o PSB para falar para fora dos muros. Vamos derrubar os muros, construir pontes, aproximar quem está desgostoso com a política para perto da gente. Trazer quem pensa diferente, trazer quem quer fazer o bem e não sabe como, fazer uma grande frente política e consolidar uma vitória democrática no nosso país, ao lado do presidente Lula", declarou João Campos.

Realizado em Brasília, o evento que compôs o XVI Congresso Nacional do PSB, também reuniu o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que foi recebido com gritos de "sem anistia" por parte da militância socialista — em alusão ao movimento contrário à anistia dos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro.

Em sua fala, Motta elogiou os quadros do PSB, destacando o vice-presidente Geraldo Alckmin, e justificou sua presença como um gesto de gratidão à bancada socialista na Câmara. E afirmou que a chegada de João Campos à presidência nacional do partido mostra "a esperança da renovação da liderança da boa política". 

No evento, Geraldo Alckmin agradeceu a presença de Lula, destacando o gesto como incomum e significativo. "É uma honra ser companheiro de trincheira do presidente Lula na defesa da democracia", afirmou o vice-presidente.

Aos 31 anos, João Campos é visto como uma das apostas de renovação política da esquerda. Reeleito prefeito do Recife com 78% dos votos, ele lidera as pesquisas de intenção de voto para o governo de Pernambuco e, agora à frente do PSB, terá entre seus principais desafios fortalecer a aliança com o PT para a eleição presidencial de 2026 e ampliar a bancada socialista na Câmara dos Deputados, atualmente com 14 parlamentares. Outra meta é recuperar o comando do governo pernambucano.

João já informou a Lula que o partido considera prioritária a manutenção de Alckmin como vice na chapa presidencial do próximo ano. Embora o ex-governador paulista tenha sido peça-chave na construção da frente ampla que levou Lula ao terceiro mandato em 2022, parte do PT tem defendido mudanças na composição da chapa para atrair novos aliados.

FORTALECIMENTO DE ALIANÇA COM PT

O novo presidente do PSB defende o fortalecimento da aliança com o PT, mas também busca ampliar o campo de apoio da sigla, dialogando com partidos e setores mais ao centro, sem abrir mão da parceria que, segundo ele, foi decisiva para a vitória em 2022.

"É preciso entender que partido existe para ter representatividade, mas também para vencer eleições. Temos que construir um partido com força para disputar ideias nas ruas e nas urnas. Nossa aliança com Lula e Alckmin foi fundamental para consolidar a democracia", disse João Campos, durante a abertura da convenção partidária, na sexta-feira.

Ao se dirigir a Alckmin, João reforçou o compromisso com a continuidade da parceria para 2026.

"Tenho certeza de que a forma como você representa o Brasil e como foi escolhido será base para a construção do país nos próximos anos. Unidos, estaremos defendendo seu nome na chapa nacional. Essa é uma prioridade para todos nós", declarou.

NO DISCURSO, HOMENAGEM A ARRAES E EDUARDO CAMPOS

Em discurso, João Campos exaltou as trajetórias de Miguel Arraes e Eduardo Campos, que também foram presidentes nacionais do PSB.

"Não tem como terminar minhas palavras sem lembrar a maior referência da minha vida, meu pai, Eduardo Campos, que me ensinou a ser gente, que me ensinou o que a gente deveria fazer nos momentos mais difíceis: ter a capacidade de olhar para o próximo e querer para o outro algo melhor do que para você mesmo. É isso que está faltando muitas vezes na política. Foi isso que vimos Arraes fazendo. Foi exilado, abriu mão de estar com seus filhos para buscar a liberdade de seu povo", afirmou.

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