Falta de chuvas compromete abastecimento no Agreste; duas cidades terão água 5 dias por mês
Cidades de Bezerros, Passira, Cumaru e Riacho das Almas tiveram ajustes no calendário de distribuição; mais de 132 mil pessoas serão impactadas
Clique aqui e escute a matéria
*Com informações de Amanda Carmo
A crise no abastecimento de água se agravou no Agreste de Pernambuco e famílias de quatro municípios terão o acesso ainda mais restrito aos recursos hídricos.
Com a falta de chuvas na região, a Barragem de Jucazinho, em Surubim, entrou em situação de pré-colapso e o nível do reservatório atingiu apenas 1,30% da sua capacidade total. Ao todo, mais de 132 mil pessoas vão ser impactadas.
Nas cidades de Bezerros, Passira, Cumaru e Riacho das Almas, o calendário de distribuição foi alterado. De acordo com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), os municípios atendidos pelo Sistema de Jucazinho sofrerão as seguintes alterações:
- Bezerros: novo intervalo será de 5 dias com água e 25 sem
- Passira: ciclo será de 8 dias com água e 22 sem
- Cumaru: intervalo será de 7 dias com água e 23 sem
- Riacho das Almas: fornecimento funcionará no regime de 5 dias com água e 25 sem
De acordo com a Compesa, a medida tem como objetivo conseguir prorrogar o atendimento pela rede de distribuição, reduzindo a exploração do manancial de 400 L/s para 250 L/s. O calendário completo está disponível no site (www.compesa.com.br) e no aplicativo da companhia.
O professor Adevando Luan, morador de Bezerros, afirmou que a população tem se mobilizado para buscar outras formas de abastecimento. “No momento em que a gente sabe dessa questão do racionamento de água e do baixo índice, a gente começa a procurar reservatórios extras, como carros pipa, e o custo aumenta”.
Para o músico José Edvaldo, também de Bezerros, faltou transparência da Compesa com os moradores da região. “Tudo tem um planejamento, então eu creio que faltou o órgão competente ter sido mais aberto com a população”, lamentou.
Jucazinho é a barragem com situação mais crítica atualmente. Por outro lado, os outros sistemas que atendem a região Agreste estão com níveis superiores a 87% da capacidade. Os níveis são:
- Prata: 96,38%
- Tabocas: 87,62%
- Pedro Moura Junior: 87,10%
- Severino Guerra (Bitury): 90,49%
Obras
Para tentar atender uma demanda antiga da população por abastecimento de água, minimizar os efeitos da escassez no saneamento básico e buscar cumprir o Marco Legal, a Compesa tem executado obras estruturantes no Agreste do estado.
Passira, Cumaru e Riacho das Almas serão beneficiadas com a inversão da Adutora de Jucazinho via Estação de Tratamento de Água (ETA) Salgado, cujos testes estão previstos ainda para este ano.
Já Bezerros será contemplada com a Adutora do Agreste, que está com mais de 90% de avanço físico e entra em testes a partir deste mês de novembro, além da Adutora de Serro Azul, que está 100% concluída e os testes estão em fase final.
Com as iniciativas, a população deve passar a ter abastecimento diário nos municípios.
“Tem todo um trabalho técnico que a Compesa está fazendo para ter condições de abastecer com água minimamente possível para conseguir com que a população não entre numa situação de colapso, que é o que a Barragem de Jucazinho tende a seguir”, destacou Flávio Coutinho, diretor de produção e planejamento operacional da Compesa.
Saneamento Rural
No último mês de setembro, a governadora de Pernambuco Raquel Lyra (PSD) anunciou o Programa de Saneamento Rural de Pernambuco (Prosar-PE).
A iniciativa conta com investimento de R$ 600 milhões, viabilizado por meio de uma operação de crédito junto ao Banco Mundial, e visa atender cerca de dois milhões de pernambucanos em 105 municípios. De acordo com o secretário de Recursos Hídricos e Saneamento, Almir Cirilo, o programa será implantado ao longo dos próximos sete anos.