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Prefeitura diz que menina morta após espancamento em escola saiu do hospital sem autorização médica; família rebate informação

Parentes afirmam que a liberação foi feita pela equipe de saúde e exigem que prefeitura comprove as alegações feitas; município nega negligência

Por Cristiane Ribeiro Publicado em 09/09/2025 às 14:34 | Atualizado em 09/09/2025 às 16:28

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A família de Alícia Valentina Lima dos Santos Silva, que faleceu após ser espancada dentro de uma escola em Belém do São Francisco, trava um embate com a prefeitura municipal. O poder público alega que Alícia foi levada embora da unidade hospitalar sem receber alta, ao passo que a família acusa o hospital de negligência.

Família de Alícia aponta negligência médica

Em entrevista concedida à TV Jornal, Ana, a mãe de Alícia, conta que recebeu a notícia da agressão quando a filha já estava no hospital, levada pelos funcionários da escola. Chegando lá, "já tinham limpado ela e o sangue que saiu pelo ouvido, pela boca e pelo nariz. E ela se queixando de muita dor".

Alícia foi medicada na unidade e, de acordo com os familiares, recebeu alta médica. "No hospital foi atendida, mas não ficou de observação. A médica não mandou, a menina foi andando, passou mal em casa, vomitando sangue, não abria mais os olhos", continuou Ana.

O que diz a prefeitura?

Em nota publicada nas redes sociais da Prefeitura Municipal de Belém do São Francisco, no Sertão de Pernambuco, é dito que "não houve negligência médica ou alta hospitalar pelos profissionais que realizaram o atendimento", atribuindo a responsabilidade da saída do hospital à família de Alícia.

Tia de Alícia contesta prefeitura

Em entrevista ao Jornal do Commercio, Cailene Carvalho, tia da vítima, contestou a nota da prefeitura: "a minha cunhada saiu com a menina do hospital porque a minha sobrinha tinha sido liberada".

Ela conta que a "médica passou um medicamento para ela tomar lá mesmo no hospital, na veia. A enfermeira aplicou o medicamento e disse que ela estava liberada", alegando conivência de toda a equipe.

Para Cailene, a nota da prefeitura não faz sentido. Ela argumenta que, se for verdade que sua cunhada "tirou a menina sem permissão médica, ela deve ter assinado algum papel", assumindo a responsabilidade do quadro de Alícia para si.

"Pra pessoa sair do hospital sem liberação da médica, tem que assinar uma procuração dizendo que você saiu por conta própria". A família, portanto, exige que o hospital apresente esse documento, comprovando a declaração da prefeitura.

O que está sendo feito?

Alícia Valentina foi vítima de espancamento no banheiro da Escola Municipal Tia Zita, onde estudava. De acordo com o G1, o Boletim de Ocorrência diz que quatro meninos e uma menina participaram das agressões, sendo a motivação inicial a recusa de Alícia a "ficar" com um dos meninos.

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), que não divulgou mais informações até o momento da publicação dessa matéria. Segundo a corporação, mais detalhes não são divulgados no momento, visto que o caso envolve menores. 

Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por sua vez, informou que tomou conhecimento do ocorrido na sexta-feira (5), quando Alícia ainda estava viva. A partir disso, a Promotoria de Justiça de Belém de São Francisco instaurou um Procedimento Administrativo para acompanhar o caso. A nota também diz que a prefeitura do município está colaborando desde o início das investigações.

Secretaria Estadual de Saúde

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou, por meio de nota, que Alícia foi recebida no Hospital Regional Inácio de Sá (HRIS), em Salgueiro, no dia 03 de setembro.

Após a avaliação da equipe multidisciplinar, foi constatada a necessidade de acompanhamento neurológico, e depois foi transferida para o Hospital da Restauração, no Recife, onde infelizmente veio à óbito.

 "Por se tratar de uma paciente pediátrica, e respeitando as informações de caráter privado e a investigação policial, não podemos repassar mais informações, que são asseguradas pelo sigilo médico e pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)", conclui a Secretaria.

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