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Pais denunciam negligência após morte de bebê durante parto em hospital de Jaboatão

Pais denunciam falhas no atendimento durante trabalho de parto que resultou na morte da bebê; situação gera revolta da família

Por Maria Letícia Menezes, Isabella Moura Publicado em 03/07/2025 às 15:10

A morte de uma bebê durante o trabalho de parto no Hospital Memorial Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, gerou revolta e denúncias de negligência por parte da família.

O óbito fetal foi registrado no último domingo (29), e os pais da criança afirmam que houve falhas graves no atendimento médico, especialmente após a troca de plantão na unidade.

Família denuncia falta de exames e medicação sem avaliação prévia

Em entrevista ao repórter Michael Carvalho da TV Jornal, o pai da bebê, Vitor Oliveira, relatou que a esposa, Isabelle Araújo, deu entrada na maternidade no domingo (29), por volta das 18h30, e foi orientada a aguardar a dilatação para realizar um parto normal.

Durante esse período, segundo ele, três medicações foram administradas: duas via vaginal e uma via oral.

Vitor afirma que a situação se agravou após a troca de plantão.“A médica que estava acompanhando foi embora e o novo plantão entrou sem saber de nada. Nem escutaram o coração da menina, apenas começaram a medicar a Isa”, contou.

Logo depois, a gestante passou a sentir dores ainda mais intensas. Segundo a família, a bebê se movimentava muito, o que aumentou a preocupação.

Apesar desses sinais de alerta, os pais afirmam que a equipe médica limitou-se a dizer que “a dilatação viria em breve”, sem tomar outras providências.

Ainda segundo o relato, após a troca de plantão, Isabelle foi medicada sem que fossem realizados exames de toque ou monitoramento dos batimentos cardíacos da bebê.

A família afirma que os profissionais continuaram a administrar medicamentos sem fazer uma avaliação adequada. A bebê não resistiu e faleceu antes do nascimento.

Mãe foi transferida para o IMIP após a morte da bebê

Após constatar a morte da bebê, a equipe decidiu transferir Isabelle para o IMIP, no Recife, onde o parto foi concluído, já com o bebê sem vida. A condução do caso gerou indignação por parte dos pais.

A reportagem do JC tentou contato com o IMIP, mas ainda não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Pai se revolta no hospital após morte da filha

Em vídeos divulgados nas redes sociais, Vitor aparece transtornado na recepção do hospital, quebrando objetos com um martelo e gritando frases como:“Mataram minha filha!”,“Depois que deram remédio pra minha mulher, jogaram ela no IMIP como se fosse um cachorro.”

O que dizem o hospital e a Secretaria de Saúde

Em nota divulgada nesta quinta-feira (3), o Hospital Memorial Guararapes declarou estar “profundamente consternado” com a morte da bebê e se solidarizou com a família.

A instituição afirmou que o caso será tratado com “a devida importância e responsabilidade”, e reforçou seu compromisso com a ética, transparência e segurança no atendimento.

A nota também condena os atos de violência registrados na unidade, referindo-se ao momento em que o pai da bebê, em estado de revolta após a confirmação do óbito, quebrou objetos na recepção. O hospital informou que esses episódios também serão investigados.

Já a Secretaria de Saúde de Jaboatão dos Guararapes confirmou que o hospital faz parte da rede complementar do SUS, como unidade filantrópica contratada. Segundo a pasta, a maternidade conta com a maior UTI Neonatal do estado e realizou 1.891 partos em 2024, sendo 729 entre janeiro e abril.

A secretaria informou ainda que o caso será analisado por um Grupo Técnico de Investigação de Óbitos e que uma visita técnica da Vigilância em Saúde está programada para a unidade. A gestão municipal também se colocou à disposição da família para prestar apoio durante a apuração.

É o segundo caso em que familiares alegam negligência em menos de dois meses

Em maio, outro episódio envolvendo a maternidade do mesmo hospital gerou revolta de familiares. Cibele Joaquim da Silva, de 19 anos, deu à luz na unidade, recebeu alta médica, mas continuou sentindo fortes dores abdominais.

Segundo a família, ela retornou ao hospital cerca de uma semana após o parto e precisou passar por uma cirurgia de emergência, quando foi constatada uma perfuração no intestino.

Na época, houve protesto em frente à unidade de saúde.

Confira a entrevista completa

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