CENTRO DO RECIFE | Notícia

Quase um mês após incêndio, lojistas começam a ter previsão de liberação de rua no Centro do Recife

De acordo com secretário-executivo de Defesa Civil do Recife, é necessária a realização de um escoramento para eliminar o risco na região

Por Laís Nascimento Publicado em 12/06/2025 às 13:49

Quase um mês após o incêndio que atingiu três imóveis da Rua Direita, no bairro de São José, Centro do Recife, os comerciantes começam a ter previsão para liberação da área e volta da circulação de pessoas.

Durante o Debate da Super Manhã, na Rádio Jornal, o secretário-executivo de Defesa Civil do Recife, Cel. Cássio Sinomar explicou que a área ainda está interditada porque uma fachada está solta e “o desabamento está visível, pode cair e matar alguém”.

De acordo com ele, é necessária a realização de um escoramento para eliminar o risco e, então, liberar a rua para os comerciantes e pedestres.

O secretário-executivo destacou que na última segunda-feira (9), em reunião com a Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL Recife), um projetista fez um esboço que deve ficar pronto em 5 dias para análise da Prefeitura do Recife e liberação da região “o mais rápido possível”.

Sinomar reforça que a população pode acionar a Defesa Civil do Recife pelo telefone 0800.081.3400 para solicitar vistorias e alertar possíveis riscos em imóveis da cidade.

No dia 16 de maio, um incêndio atingiu o histórico prédio do Cine Glória, um edifício vizinho e outros imóveis na Rua Direita. Com os bloqueios na região, lojistas têm se preocupado com as vendas e os empregos dos colaboradores.

O diretor da Loja Futurista, que foi atingida por um incêndio em outubro de 2024, Claudio Miano, pontuou que a proximidade de todas as lojas acaba impactando os negócios do entorno.

“Talvez a maior dificuldade nesse momento seja reunir todos os interessados em um bem comum que é a preservação do patrimônio histórico e a continuidade dos negócios dos quais dependem muitas famílias”, pontuou.

Para ele, as iniciativas isoladas dos lojistas ainda não são o suficiente para reestruturar o centro histórico do Recife. “Talvez esses acontecimentos todos motivem para que exista uma união maior entre os empresários e os órgãos envolvidos na fiscalização e na prevenção”, afirmou.

Comerciantes afetados

Um dos lojistas afetados foi Fábio Rocha, de 44 anos, proprietário da loja Superwang, que vende itens importados de tecnologia. Localizada em frente ao foco do incêndio, a loja está fechada e, além da indefinição de que vai conseguir pagar o aluguel de R$ 20 mil, ele não sabe como vai arcar com outras despesas e com a receita de 30 funcionários.

“O maior prejudicado é o comércio ao redor. Não estou podendo abrir e não dão previsão ou algum benefício. Nenhum órgão oficial de governo ou da prefeitura se compromete a resolver o problema. Dizem que tem que ter um projeto para escorar a fachada do prédio que sofreu o incêndio, mas quem vai fazer esse projeto?”, questionou.

O dono de uma loja de calçados, o empresário João Maciel, de 46 anos, também foi prejudicado pela interdição. Apesar de seu comércio não ter sido interditado, ele conta que o movimento diminuiu na rua e prejudicou as vendas.

“Ninguém resolve nada e a gente está à mercê. A gente tem um monte de obrigação para pagar e caiu 80% das vendas. Vai ser difícil manter a folha salarial dos empregados e a gente não tem previsão de quando vai voltar ao normal”, lamentou.

Preservação do centro do Recife

Durante o debate, o diretor integrado e especializado do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco, Cel. George Farias, pontuou que “quando a prevenção falha, o acidente acontece”.

A respeito da necessidade de preservação do centro da cidade, o arquiteto e urbanista, professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador geral do Projeto Recife Cidade Parque, Roberto Montezuma, afirmou que sem cuidado, a região pode passar por desmonte.

“A cidade é um patrimônio, um organismo vivo, e como um organismo vivo, ela tem que ser cuidada”, ressaltou.

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