Duas semanas após incêndio, comerciantes do Centro do Recife sofrem com incerteza de quando poderão voltar a trabalhar
Lojistas se preocupam com bloqueios na região, vendas e empregos dos colaboradores e cobram celeridade e ação do poder público

Duas semanas após o incêndio que atingiu três imóveis, inclusive o histórico prédio do Cine Glória, no bairro de São José, área central do Recife, lojistas se preocupam com bloqueios na região, vendas e empregos dos colaboradores.
Além do prédio do antigo Cine Glória, o fogo atingiu um edifício vizinho e respingou em outros imóveis na Rua Direita, provocando interdições na região.
Para os comerciantes, a falta de definição sobre a liberação do local, interditado desde o dia 16 de maio, é também a incerteza de que terão suas rendas e empregos garantidos.
De acordo com o diretor institucional da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL Recife), Paulo Monteiro, os lojistas estão preocupados em arcar com despesas sem estar faturando.
“Nós temos recebido diariamente várias ligações e mensagens de lojistas preocupados porque não estão vendo que há um caminhar para uma definição. Nós entendemos que se segurança é uma coisa vital e prioritária, mas é preciso que os órgãos envolvidos definam as coisas com celeridade porque o comércio já vem sofrendo há muito tempo”, explica.
Paulo Monteiro conta que estão envolvidos no processo de reorganização da área órgãos como a Defesa Civil e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e que ainda precisam ser feitos a retirada dos entulhos e escoramento do imóvel atingido pelo incêndio.
“Há uma necessidade de uma definição e de ações imediatas para que se possa liberar a Rua Direita e, consequentemente, as lojas que estão sem funcionar”, finaliza Paulo Monteiro.
Um dos lojistas afetados foi Fábio Rocha, de 44 anos, proprietário da loja Superwang, que vende itens importados de tecnologia. Localizada em frente ao foco do incêndio, a loja está fechada e, além da indefinição de que vai conseguir pagar o aluguel de R$ 20 mil, ele não sabe como vai arcar com outras despesas e com a receita de 30 funcionários.
“O maior prejudicado é o comércio ao redor. Não estou podendo abrir e não dão previsão ou algum benefício. Nenhum órgão oficial de governo ou da prefeitura se compromete a resolver o problema. Dizem que tem que ter um projeto para escorar a fachada do prédio que sofreu o incêndio, mas quem vai fazer esse projeto?”, questiona.
O dono de uma loja de calçados, o empresário João Maciel, de 46 anos, também foi prejudicado pela interdição. Apesar de seu comércio não ter sido interditado, ele conta que o movimento diminuiu na rua e prejudicou as vendas.
“Ninguém resolve nada e a gente está à mercê. A gente tem um monte de obrigação para pagar e caiu 80% das vendas. Vai ser difícil manter a folha salarial dos empregados e a gente não tem previsão de quando vai voltar ao normal”, lamenta.
Em nota, a Defesa Civil do Recife informou que as interdições só devem ser suspensas quando o risco estiver mitigado e por se tratar de imóveis particulares, a responsabilidade pela execução dos reparos necessários, bem como eventuais indenizações, não é do poder público.
Veja a nota completa:
“A Defesa Civil do Recife informa que liberou os imóveis de números 132, 133 e 138 da Rua Direita. Com isso, permanecem interditados, por motivo de segurança, dez imóveis das ruas Direita e das Calçadas. As interdições só devem ser suspensas quando o risco estiver mitigado. Vale lembrar que, por se tratar de imóveis particulares, a responsabilidade pela execução dos reparos necessários, bem como eventuais indenizações, não é do poder público. A população deve acionar a Defesa Civil pelos telefones 0800-0813400 e 3036-4873, ou pelo Conecta Recife. O atendimento é gratuito e acontece 24h por dia.”