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Milton Bivar

Aqui lembrando a frase de Manuel Bandeira: "A gente começa a morrer quando nossos amigos começam a morrer".........................

Por ARTHUR CARVALHO Publicado em 26/11/2025 às 0:00 | Atualizado em 26/11/2025 às 11:44

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Parecia que estava adivinhando na minha crônica de 12 de novembro. Criticando a situação desastrosa e humilhante que o Sport atravessa, eu lamentava que a figura nefasta dos cartolas que dominam o futebol brasileiro, substituísse a dos antigos presidentes do Sport.

Na sexta-feira, 14 deste mês, telefona minha filha Maria Antônia, às dez horas da noite, comunicando o falecimento de Milton Bivar. E logo me lembro da frase de Manuel Bandeira: "A gente começa a morrer quando nossos amigos começam a morrer." Este ano, a coisa foi braba e promete ser pior o ano que vem. Olho pra foto do nosso time bicampeão invicto de 54/55 e restam poucos vivos.

Jamais esquecerei os gritos aflitos e de incentivo de Milton Lyra Bivar, de meu pai Carlos Koch de Carvalho e de meu irmão Carlos Aloysio, torcendo por nós, na Ilha do Retiro, na partida decisiva e final de 1955 contra o Santa Cruz. Ao terminar o jogo, desmaiei de tanto cansaço, sendo socorrido pelo lendário massagista Mathias e pelo médico de plantão.

A partir de 1955, comemorávamos todos os anos o aniversário da conquista do bicampeonato invicto (54/55), com almoço dos jogadores campeões, cobertura do Diário de Pernambuco, chefiado pelo editor Ivanildo Sampaio e do jornalista Fernando Menezes, meu colega de turma do Clássico do Colégio Nóbrega de 1954.

Querendo festejar mais um aniversário do nosso bicampeonato, telefonei para Manga que morava em Quito, convidando-o para o almoço comemorativo no restaurante da piscina do Sport. Ele confirmou a vinda e, atendendo meu pedido, Antônio Jayme da Fonte reservou a suíte presidencial do seu hotel em Boa Viagem para Manga e mulher. Telefonei para Milton Bivar e ele disse: "Meu querido Arthur, vou providenciar patrocinador para a vinda de Manga e se não conseguir, pago a passagem dele." Foi a última vez que nos comunicamos. Manga adoeceu e internou-se em clínica de idosos em Porto Alegre, foi transferido para hospital do Rio de Janeiro, onde faleceu. Luciano Bivar foi meu aluno de literatura francesa e redação no Curso Torres e China Bivar foi meu companheiro de boêmia, e formou no nosso time, que não sofreu gol em 54, e com ele nas nossas delegações conheci o interior do Nordeste. China não devia ter morrido. Os campeões não deviam morrer. Fernando Bivar foi meu colega da Faculdade de Direito da Universidade Católica, casado com Célia e pai do magistrado Roberto Bivar. Frederico, Leila, Ligia, Norma e Solange, eram nove irmãos. Meus pêsames para toda a família Bivar.

Arthur Carvalho - Rubro-negro.

 

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