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O comando dos influenciadores

Um personagem ilustre da contravenção e do samba foi preso acusado de crimes pesados, até ordem para assassinato ........................

Por SÉRGIO GONDIM Publicado em 21/11/2025 às 0:00 | Atualizado em 22/11/2025 às 6:31

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Ficou poucos dias e saiu sorridente, agradecendo a boa acolhida. Diante das câmeras, ao ser perguntado como se sentia saindo da prisão quase ao mesmo tempo que brilhava com o carnaval na avenida, sorriu mais uma vez e disse estar agradecido por ter sido bem tratado, que sendo contraventor, passar alguns dias na prisão fazia parte do negócio e estava tudo certo. Foi para o barracão comemorar com a escola de samba. Nem um pingo de constrangimento, vergonha ou remorso. Aos seguidores, declarou ser um vencedor, um exemplo para os que sonham e foi ovacionado no samba. Apadrinhou geral.

Teve ao menos o mérito de não declarar que foi preso por perseguição política, já que o Brasil é campeão de perseguidos políticos. Todos que são apanhados com verbas da saúde, educação, licitações em geral, alegam perseguição. Parece que acreditam mesmo nisso e se envolvem em brigas de facções por territórios, um ministério, uma estatal, secretaria ou empresa pública, territórios a dominar, um outro nível de milícia que se multiplica.

A generalização faz da exceção um estranho. O gestor honesto não se enturma e evita o meio, deixando o terreno livre para os milicianos das licitações.

Desconfiança injusta foi o que sofreu um médico dedicado ao atendimento correto e atencioso na comunidade, incluindo as famílias, trabalhadores e certamente também traficantes e seus familiares, como tem que ser. Atendendo a todos com respeito e profissionalismo, conquistou o reconhecimento da comunidade, até que uma quadrilha de mascarados, ao que parece composta por membros da própria comunidade, praticou um roubo no posto de saúde. Levaram computadores e o que havia de valor em todas as salas, exceto uma, a do tal médico. Quando a polícia chegou, desconfiou da participação do médico e expressou essa desconfiança pelo fato da sua sala ter sido poupada. "Muita coincidência não é doutor", ouviu sem que fosse sequer considerada a possibilidade de ter sido poupado por ter o respeito da comunidade que incluía os bandidos. Diferente do contraventor, a acusação atingiu a alma do profissional, vítima da maior das injustiças. Foi considerado suspeito por exercer sua função com honestidade profissional, reconhecida até pelos traficantes, mas não pelo sistema.

Não é fácil ser exceção em tempos que bons exemplos não atraem seguidores.

Os "likes" de hoje escolhem outros exemplos e os seguidores influenciados aos milhões incorporam uma nova ética ou a ausência dela, um comportamento profissional em desacordo com os códigos, critérios TikTokers na hora do voto, elegendo figuras esquisitas mundo a fora. Guiados, protestam histéricos nas portas dos presídios que abrigam seus influenciadores, são donos raivosos da verdade que lhes foi incutida.

Sob comando dos influenciadores digitais, o mundo gira ao contrário. Como se não bastasse o mal que já fazem outros comandos como o vermelho, o da capital e o comando do INSS.

Sérgio Gondim, médico

 

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