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O Rio das Mortes

Enquanto tudo isso acontece, o presidente Lula, tão presente em eventos que acontece nos quatro cantos do mundo, pouco se move....

Por IVANILDO SAMPAIO Publicado em 09/11/2025 às 0:00 | Atualizado em 10/11/2025 às 9:27

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Por mais respeito que se tenha ao Ministro Ricardo Lewandovski, pelo seu histórico, pela sua correção quando membro do Supremo Tribunal Federal, uma verdade não se pode esconder: seu desempenho como ministro da Justiça é pífio, irrelevante, sem uma ação maior que mereça ser citada como importante, no combate aos desacertos que permeiam na história recente do País, onde o crime organizado se tornou maior do que nosso desorganizado sistema de segurança. E a ação recente das Forças Policiais do Rio de Janeiro, com a morte de 121 integrantes do chamado "Comando Vermelho", supera a "Tragédia de Carandiru", em São Paulo, que com seus 111 mortos era até então o recorde nacional em ações idênticas.

Infelizmente, desta vez o confronto provocou também a morte de policiais, vitimas talvez de uma ação mal planejada. Até porque não se pode esperar nada melhor vindo do governador Cláudio Castro, sucessor de Garotinho, Sérgio Cabral, Pezão e outros mais. Mas, isso aí já é outra história.

Como seria outra história relatar o drama vivido pelos moradores das comunidades onde ocorreu o confronto, todos presos nas suas modestas moradias, buscando escapar do fogo cruzado que vinha de ambos os lados. Ali, a violência banalizou-se; as mães estão acostumadas a colocar os poucos e modestos móveis de suas casas, igualmente modestas, na proteção dos filhos menores que se amontoam indefesos, quando os confrontos entre policiais e bandidos perturbam o sono dos desafortunados que ali residem e que não tem opção de outra moradia.

E a expressão  "bala perdida" faz parte do vocabulário da comunidade. Dos muitos fracassos da administração do Presidente Lula, que enche o peito para elogiar sua própria gestão, tão medíocre nesse campo quanto foi a de Jair Bolsonaro; sem qualquer dúvida o maior deles é o combate à violência. Fracasso este que deve ser dividido com os Governos estaduais.

Já não surpreende ninguém, porque tornou-se fato corriqueiro, as dezenas de atos violentos registrados na cidade de São Paulo e de toda Região do ABC, onde foi assassinado um antigo chefe de Polícia aposentado, mas que, no exercício do cargo, foi considerado um dos mais competentes na história da segurança no Estado. Embora tenha residido e trabalhado como policial em São Paulo, era Pernambucano de nascimento, essa vítima do crime organizado. Pois assim como a Máfia italiana, o crime organizado brasileiro não perdoa; mata;

E a televisão mostra, diariamente, atos de violência captados por câmeras de segurança instaladas nas ruas e avenidas da capital ,que é a maior metrópole brasileira, onde criminosos assassinam pessoas indefesas e que não reagem, apenas para levar um celular, uma aliança, um corrente presa no pescoço, algumas vezes sem qualquer valor de mercado, mas os assaltantes nem sempre sabem disso. E acrescentam mais um número na relação de vítimas inocentes assassinadas pelas quadrilhas impunes.

De outra parte, a violência no Rio de Janeiro, onde a cidade foi fatiada entre facções e milícias, Já não ocupa mais apenas um subúrbio ou outro da Zona Norte: ela se espalha por dezenas de logradouros, entre a planície e os morros, antes identificados como berço de grandes sambistas - hoje escolas do crime e cemitérios de inocentes.

Um testemunho irrefutável do fracasso do Governo Lula e do ministro Ricardo Lewandovsky nessa questão da segurança está no fato irrefutável da presença destas Facções por todas as regiões do `País, com maior um menor presença, dependendo das ações policiais em cada Estado. No Ceará, por exemplo, assim como no Rio Grande do Norte, as policiais locais tem se mostrado incapazes de impedir o avanço dessas Facções. Na Bahia, onde a Polícia Militar é uma das campeãs nacionais de mortes em ações de campo, a Grande Salvador perdeu, há muito tempo, o clima boêmio e romântico retratado nas obras de Jorge Amado e nas canções de Dorival Caimmy.

Nos Estados do Norte, como o Amazonas, o Pará, o Amapá e Roraima, além de todas as mazelas levadas pelos grandes cartéis do crime, as autoridades locai ainda enfrentam o tráfico de drogas trazidas dos países vizinhos, pois é quase impossível fiscalizar milhares de quilômetros de "fronteiras secas" que dividem o Brasil de seus vizinhos produtores de Coca.

Enquanto tudo isso acontece, o presidente Lula, tão presente em eventos que acontecem nos quatro cantos do mundo, pouco se move e nada fala sobre essa chaga que se abate sobre a sociedade brasileiras. O ministro Levandovsky fala pouco e opera ainda menos.

Os governadores de Estado, por sua vez, relutam em fazer parceria com o governo federal, em nome de um projeto comum de combate à violência. Alegam que isso seria "abrir mão de sua autoridade" , ou uma "interferência indevida" do Poder Central sobre os Estados federados. Coisa que eles já perderam há muito tempo para o PCC, o Comando Vermelho e outros grupos criminosos, cujos chefes há muito tempo deixaram de residir nos morros da periferia - e hoje se alojam nos bairros mais nobres de todas as capitais. Provavelmente, com casas de veraneio na mesma praia onde vão descansar alguns governadores.

 

Ivanildo Sampaio,  jornalista

 

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