Artigo | Notícia

A derrota do Brasil

Ancelotti não tem culpa da derrota pro Japão. Ele escalou uma equipe pra testar os brasileiros porque não é obrigado a conhecer todos eles

Por ARTHUR CARVALHO Publicado em 22/10/2025 às 0:00 | Atualizado em 22/10/2025 às 12:03

Clique aqui e escute a matéria

Jogador de futebol é pago para jogar futebol, não para ser expulso de campo no começo da partida, deixando os colegas de time em situação desumana, pois vão ter que redobrar esforços para suprir sua falta. Pior é que ao ser expulso, o cara é delirantemente aplaudido pelos torcedores do seu clube e não são punidos pelos seus diretores. Esse tem sido o costume em nossos campos. O incentivo à indisciplina, à violência, às grandes confusões.

Ancelotti não tem culpa da derrota pro Japão. Ele escalou uma equipe pra testar os brasileiros porque não é obrigado a conhecer todos eles, não trabalha aqui... Quando perguntaram ao extraordinário centroavante Di Stéfano, do lendário River Plate, o La Máquina, do selecionado argentino da década de 40, colega de Labruna e Lostau, e depois do Real Madrid, por dez anos consecutivos, o que ele achava do futebol brasileiro, sentenciou, há anos: "Quando o jogador brasileiro se concentrar no que faz, ninguém vence o Brasil."

Dessa opinião do "Saeta Rubia," até hoje, nossos atletas não se concentram no que fazem. Contra o Japão, o Brasil ganhando de 2x0, atuando bem e fácil, nosso zagueiro Fabrício Bruno, tentando passar para um colega de defesa, dentro da pequena área, terminou dando um passe para o avante japonês Minamino que só fez empurrar a bola pra rede. Nesse exato momento a Tv focou o treinador nipônico (gostou, Og?) com as mãos na cabeça, lembrou ao seu pupilo que esteja atento, pois nós, selvagens tupiniquins, estamos sempre procurando sabiás e bem-te-vis cantando nas copas das árvores, comprovando a secular tese de Di Stéfano. Achando pouco, dois minutos depois da domingada, o mesmo beque do Cruzeiro fez gol contra, selando a sorte da Seleção.

Num treino do Botafogo, o ponta-esquerda baiano Izaltino, comprado pelo Alvinegro ao Galícia, entregou a bola de graça pro half reserva, pela primeira vez. Na segunda bobagem, Heleno de Freitas arretou-se: "Ô garoto, você ainda não notou que os reservas têm a camisa diferente da nossa?" "A nossa é branca e preta, a deles é azul." Alencar bateu Urubatão e Getúlio na corrida, driblou o veterano goleiro Manga (não o nosso do Sport) e entrou caminhando na meta do Santos, na Vila Belmiro. O Bahia foi campeão brasileiro em 59, porque jogava sério, com raça.

Arthur Carvalho,  bicampeão juvenil invicto pelo Sport (54/55)

 

Compartilhe

Tags