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O empreendedorismo científico no combate à desertificação do Nordeste

Os projetos desenvolvidos dentro do CODE.NE foram elaborados a partir de uma escuta ativa com as pessoas e instituições dos territórios envolvidos.

Por MARCELO CARNEIRO LEÃO Publicado em 07/10/2025 às 0:00 | Atualizado em 07/10/2025 às 10:26

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O termo empreendedorismo tem sido usado e conceituado por vezes, pelo encantamento neoliberal, onde a solução é que sejamos empreendedores vorazes, mesmo que os direitos trabalhistas, previdenciários, etc., não estejam necessariamente contemplados, ou dentro de um campo progressista, de forma simplista e reducionista, como algo demoníaco apenas. Prefiro a noção de empreendedorismo como algo atrelado à inovação e à criatividade. Podemos ser empreendedores na iniciativa privada, no setor público ou em qualquer atividade que exerçamos, preservando os direitos individuais e coletivos das pessoas.

No que tange ao empreendedorismo científico, precisamos transformar o conhecimento construído em pesquisas, em soluções concretas que impactem positivamente a vida das pessoas, de modo a contribuir para um desenvolvimento sustentável e inclusivo, gerando oportunidades iguais para todos, e redução das desigualdades sociais. É o que chamamos "Do Paper ao PIB", e que acrescento aqui, com propósito de construção da prosperidade compartilhada. Não adianta impactar o PIB com as inovações científicas, beneficiando apenas CEO`s, acionistas de empresas, investidores, altos dirigentes, etc., deixando de lado os principais interessados, que são os trabalhadores, fornecedores, clientes, sociedade em geral. Os benefícios gerados pela ciência e inovação têm de ser para todos.

No Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE), que é uma unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) criamos o CODE.NE, que é um Programa de Combate à Desertificação do Nordeste, baseado no empreendedorismo científico. O CODE.NE conta atualmente com diversos projetos: produção de mudas nativas do semiárido; fábrica de biochar (pirólise de matéria orgânica); desenvolvimento de bioprodutos; fábrica escola solar; identificação de águas subterrâneas; robótica na agricultura; fazendas inteligentes; recomposição de biomas, entre outros. Este Programa conta com a participação de cerca de 20 pesquisadores, 03 DeepTech/Startups, 04 ICTs, tendo captado em 01 ano, cerca de R$ 6 milhões de reais.

Por fim é importante destacar, que os projetos desenvolvidos dentro do Programa CODE.NE foram elaborados a partir de uma escuta ativa com as pessoas e instituições dos territórios envolvidos, buscando sempre que o empreendedorismo científico, contribua na transformação da ciência em produtos e serviços, dentro de um ambiente de desenvolvimento sustentável e inclusivo para o Nordeste.

"Do Paper ao PIB", com propósito de construção da prosperidade compartilhada!

Marcelo Carneiro Leão., membro da Academia Pernambucana de Ciências., professor Titular e ex-reitor da UFRPE. e a ual Diretor do CETENE

 

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