Trânsito e cidadania
Deus nos poupe desse triste campeonato de acidentes de trânsito. Para todos, obediência, respeito , estima, civilidade e cidadania........

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No Brasil, o trânsito tem sido um desafio à mobilidade e à vida. Refletir sobre o tema é preciso...! Sobretudo quando, no país, as estatísticas são estarrecedoras. Anualmente, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 35 mil pessoas morrem em acidentes de trânsito, uma taxa de 31% sobre o universo dos que viajam, sem volta, à eternidade.
A velocidade em excesso é um risco que não vale a pena correr.
Mais do que uma frase feita, a mensagem acima deveria ser pensada por tantos quantos têm à sua frente uma direção de qualquer meio de transporte.
Diariamente, em nosso País, 92 pessoas morrem, quando 825 saem feridos e, neste quadro, 40% são pedestres. segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), sendo os motociclistas as maiores vítimas no trânsito, segundo o Dr. Ricardo Hegele, vice-presidente da Abramet, que salienta como causas a falta de programas efetivos de educação, fiscalização e punição.
Respeitar as Leis de Trânsito é um exercício de cidadania.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa a terceira posição no ranking mundial de mortes no trânsito, com 23,4 mortes a cada 100 mil habitantes. Esta taxa de mortalidade, que não tem sido acompanhada por decréscimos consistentes, coloca o país entre as nações com pior desempenho nesse quesito, de acordo com dados do relatório Global Status Report on Road Safety.
Não estamos educados às travessias pelas ruas das nossas cidades. Os deveres e os direitos não são obedecidos, tampouco preservados, nem pelos condutores dos veículos, nem pelos pedestres. Onde a cidadania?
O comportamento, a postura do povo brasileiro, nas andanças por nossas artérias, são pouco recomendáveis. A cultura é a do descumprimento. Avançar o sinal vermelho é o costumeiro dentre os condutores dos transportes, portadores dessa arma perigosa: o veículo.
Paro no vermelho em respeito ao verde, exclama Caetano Veloso, ou seja, a minha liberdade termina, quando começa a do outro. Esta, sim, a cidadania do respeito ao próximo.
Andar a pé é bom andar. Todavia, os que assim procedem não sabem caminhar. Não respeitam as normas básicas para a travessia, por exemplo, de uma rua a outra. Pior: também não são respeitados.
Uns não procuram seguir as faixas e obedecer aos sinais indicados pelos semáforos e à sinalização porventura existente em placas. Mais grave: os que seguem o figurino e nem por isso são acatados, porque os Nelson Piquet vêm em disparada, apreciando o prazer da velocidade, uma aceleração, no caso, irresponsável e culpada.
Uma iniciativa positiva é a das câmeras e radares de velocidade que funcionam em conjunto: o radar mede a rapidez do deslocamento e, no caso de uma infração por excesso, o sistema dispara a câmera para registrar imagens do veículo, capturando dados como a placa e modelo do carro.
Essa tecnologia avançada, que inclui sensores e software de reconhecimento óptico (OCR), enseja a identificação automática de veículos que ultrapassam o limite de velocidade, sendo os dados remetidos aos órgãos de trânsito.
A pressa é inimiga da segurança, parafraseando o dito popular ligado à perfeição.
A cada sete minutos, em nosso País, morre um brasileiro. Média mais alta, paciência, só em período de guerra.
O pedestre é um oprimido palas máquinas desbragadas. A sua cidadania, a cada instante, fica a reboque dessa correria, acima dos limites permitidos. Ele, o transeunte, também não se porta à altura do respeito às normas e códigos. Não se defende e, por vezes, causa mal a si e aos outros.
Existem vários tipos de pedestres e andarilhos. Uns, à toa na vida, deslocam-se à vontade. Outros, são desatentos. Há até quem caminhe lendo os seus WhatsApps, como se o mundo estivesse obrigado a lhe dar passagem.
Para quem dirige, nos deslocamentos dos automóveis, celular é o pior inimigo. Um risco à vida de quem usa - e abusa -, sendo, por igual, risco a quem, consciente, não se utiliza dessa prática de perigo iminente.
Transporte por moto: No País do Uber e 99 Moto, sinistros de motocicleta custam R$ 300 bilhões e colapsam 70% dos hospitais brasileiros, apontam ortopedistas. (Matéria do JC de 28/9/25)
O uso obrigatório do cinto de segurança veio para ficar, numa medida preventiva à vida dos passageiros. A proibição severa da bebida alcoólica, outra atitude de respeito à vida.
O Ministério dos Transportes, autorizado pelo presidente da República, começa a dar andamento ao projeto que suspende a obrigatoriedade dos Centros de Formação de Condutores (CFCs), as autoescolas.
Segundo o governo federal, a finalidade é reduzir custos e ampliar o acesso à Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Hoje, cerca de 20 milhões de brasileiros dirigem motos e carros sem o documento obrigatório.
Outros países, como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Japão, Paraguai e Uruguai já utilizam um sistema mais flexível para obter a habilitação.
Esperamos que esta nova experiência brasileira faça surtir efeitos positivos, como está parecendo.
Nos longes de antigamente, era useiro e vezeiro, entre os jovens, as disputas em "pegas" - ou "rachas" - que tanto assombraram os passantes e passeantes.
Entre os pilotos desses "pegas", ainda nos seus verdes anos, foram muitos os acidentes, uns morrendo, outros matando pela força de toneladas de aço em movimentos desenfreados.
Deus nos poupe desse triste campeonato de acidentes de trânsito. Para todos, obediência e atenção, respeito e estima, civilidade e cidadania, um sinal verde à vida.
Roberto Pereira, membro efetivo e benemérito do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, do Instituto Histórico, Arqueológico e Geográfico de Goiana, da Academia de Artes e Letras de Goiana, da Academia Brasileira de Eventos e Turismo e da Academia Pernambucana de Letras.