Roberto Pereira: Os cem primeiros dias do Papa Leão XIV
O sumo pontífice assumiu a chefia da Igreja Católica diante de um mundo conturbado, tomado pelas guerras, pela desarmonia e pela ambição dos homens
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O Papa Leão XIV, cujo nome de batismo é Robert Prevost, vem se mostrando defensor da linha conservadora em relação à doutrina e aos dogmas da Igreja, às encíclicas, ao tempo em que vem expondo a sua inquietação com a justiça social e os desafios da sociedade moderna, especialmente no que diz respeito à influência da tecnologia, com os aplicativos e os algoritmos, em especial com a Inteligência Artificial e a robótica, que, segundo ele, representam “novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho.”
O sumo pontífice assumiu a chefia da Igreja Católica diante de um mundo conturbado, tomado pelas guerras, pela desarmonia e pela ambição dos homens, que estão sempre ameaçando a paz mundial.
O Papa exorta a verdade e diz que ela tem um custo, mas invoca Cristo que nos convida à fidelidade.
Em 9 de maio, um dia após sua eleição, Leão XIV celebrou sua primeira missa como Papa na Capela Sistina, diante do Colégio Cardinalício reunido. Durante a missa, ele pregou contra a falta de fé no mundo e falou de uma igreja que atuaria como um "farol que ilumina as noites escuras deste mundo".
Sua santidade, nas suas primeiras palavras, observa, com preocupação, a falta de fé reinante num mundo em crise diante da humanidade que parece agnóstica, afastada de Deus nosso Pai Celeste.
Dia Mundial de Oração e Jejum pela Paz
“Convido todos os fiéis a viverem o dia 22 de agosto em jejum e oração, suplicando ao Senhor que nos conceda paz e justiça, e que enxugue as lágrimas daqueles que sofrem por causa dos conflitos armados em curso”, declarou o Papa.
O Papa vem defendendo a oração como instrumento de humanização, de proximidade dos homens à presença de Deus, nosso Pai, e de Nossa Senhora, Mãe santíssima de todos nós.
Aos fiéis de língua portuguesa, o Pontífice deixou uma exortação direta e simples: “Sem perdão, nunca haverá paz!”
Política da Igreja
A mensagem inicial do novo Papa enfatizou a saudação de paz de Jesus ressuscitado, "que deu a vida pelo rebanho de Deus", dando "uma paz desarmada e desarmante".
Leão XIV disse que queria continuar a bênção segundo a fé cristã do Papa Francisco: "Deus cuida de vocês, Deus ama a todos vocês, e o mal não prevalecerá! Estamos todos nas mãos de Deus."
Os assuntos de sua mensagem inicial assinalavam Jesus como luz necessária ao mundo, tornando-se uma igreja missionária, através do diálogo e da transparência, fidelidade ao Evangelho, caminhando unidos no dar de mãos fraternal, trabalhando como uma igreja coesa e harmônica na defesa da paz e da justiça social, sempre na proximidade com o sofrimento e rezando a Maria. Por duas vezes, ele mencionou a necessidade de não ter medo e enfatizou, com palavras simples, a ajuda de Deus para "construir pontes" para que "todos nós sejamos um só povo, sempre em paz."
Uma Igreja sinodal e fraterna
Com acentuada atuação em assuntos pastorais e teológicos, Leão XIV é árduo defensor da sinodalidade, ou seja, de uma Igreja em que o povo de Deus caminha de mãos dadas — bispos, padres, religiosos e leigos.
Proclama a imperiosa necessidade do diálogo com a sociedade, da escuta das culturas e de uma reiterada e renovada presença missionária da Igreja nos diversos quadrantes do mundo.
Ao mesmo tempo, não foge de temas delicados: tem promovido políticas eficazes contra os abusos sexuais, defende a participação mais ampla da mulher na vida da Igreja e insiste no testemunho de transparência e integridade entre os pastores.
Questões sociais, políticas e teológicas
No contexto da política e teologia da igreja, Prevost foi visto como moderado ou centrista, nem liberal, nem conservador. Em abril de 2025, o jornal italiano la Repubblica declarou que Prevost era visto como uma "figura cosmopolita e tímida", que era "apreciada por conservadores e progressistas" dentro da igreja.
Em consonância com as posições oficiais da igreja, Prevost se opõe ao aborto, à eutanásia, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e à pena de morte.
Leão XIV, um Papa para este tempo
Eleito em uma fase cruenta da história, Leão XIV é um Papa que carrega no rosto o semblante da serenidade, da paz, de quem olhou e viu a dor do povo, e nos olhos, a esperança de quem acredita no Cristo ressuscitado.
Sua escolha não chegou emoldurada por grande espocar de mídia, mas seu testemunho — silente, incisivo e seguro — já começa a adquirir a magia da crença e a tocar os corações.
A Igreja, em uma nova estação. E o mundo, outra vez, escuta a voz do pastor.
Leão XIV chegou e disse a que veio. Veio escutar o povo e falar ao coração de toda gente! Assim seja sempre!
*Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura do Estado de Pernambuco, membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Eventos e Turismo