Viva a Hemobrás!
Ontem com a presença do Presidente Lula a Hemobrás assumiu a sua real dimensão e foi inaugurada 48 anos depois do nascimento do Hemope.

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A instalação do Hemope em Pernambuco começou no dia 25 de novembro de 1977 com a criação da Fundação de Hematologia e Hemoterapia, ou seja, há quatro décadas para atuar nas áreas de Hematologia, Hemoterapia, PRODUÇÃO DE HEMODERIVADOS, ensino e pesquisa buscando atender as necessidades da população em transfusão sanguínea, no diagnóstico e no tratamento das doenças do sangue.
Cabe destacar que o Hemope foi o primeiro a funcionar no Brasil dentro de uma visão social da política de saúde pública nos referidos setores pondo fim ao "comércio do sangue", ética e cientificamente, condenável. À frente da iniciativa e de sua consolidação, estiveram duas gerações de governantes, pesquisadores, profissionais idealistas com visão estratégica em relação aos avanços do desenvolvimento científico e tecnológico, agregando, também, um olhar de vanguarda em relação ao valor da economia do conhecimento.
Naquele momento nascera com o Hemope o primeiro passo para a conquista futura de uma planta industrial de hemoderivados, embasada na formação de uma cultura de pesquisa, ensino em hematologia e hemoterapia com inserção no polo fármaco-químico de Pernambuco. Em outras palavras, o pioneirismo e a posição estratégica de Pernambuco em relação a uma cadeia produtiva de hemoderivados estavam postos.
No entanto, o percurso esbarrou no interesse do Estado de São Paulo em sediar a planta de hemoderivados. No momento decisivo, o então Governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos, devidamente assessorado por um dos maiores entusiastas do projeto, o Secretário de Saúde, Guilherme Robalinho, foi convencido de que Pernambuco deveria implantar a fábrica de hemoderivados.
O processo foi lento, penoso e acidentado. Foi cumprida a exigência da criação de uma empresa federal quando o Estado de Pernambuco já houvera aprovado pela SUDENE a criação da empresa estadual, elaborando o Plano Urbanístico para mais de 300 hectares de terras em Goiana, visando inclusive criar um polo de desenvolvimento na Região Norte do Estado focado na Biotecnologia.
No caso da planta original de hemoderivados em Pernambuco, era feita, tão somente a coleta do plasma, enviado para a França que produz e envia para o Hemobrás os hemoderivados (proteína albumina para o tratamento de nefropatia e queimaduras, bem como prevenção e tratamento de pacientes com hemofilia e imunoglobulina para tratamento de problemas imunológicos como os portadores do HIV).
O Brasil gasta, anualmente, milhões de dólares com a importação de hemoderivados. E qual seria até então o papel da Hemobrás? Papel de país subdesenvolvido: exportava a matéria-prima e importava o produto final de alto valor agregado. Isso mudou, agora estamos produzindo hemoderivados para os brasileiros. O Governo Federal reconheceu que Pernambuco responderia, como fazia o Hemope, antecipando em nossa terra a ciência do sangue.
Em 2022, a candidata Raquel Lyra assumiu o compromisso de atuar junto ao Governo Federal para acelerar a conclusão da Fábrica da Hemobrás, inclusive reconhecendo-a corretamente, como uma refinaria de sangue para salvar vidas. Ontem com a presença do Presidente Lula a Hemobrás assumiu a sua real dimensão e foi inaugurada 48 anos depois do nascimento do Hemope. Viva a Hemobrás !
Paulo Roberto Barros e Silva, desenhista
Gustavo Krause, ex-governador