Em festa para João Campos, Raquel não se faz presente, Lula se cala mas prefeito manda indireta
A vice-governadora, Priscila Krause, foi a Goiana para a inauguração da fábrica de hemoderivados da Hemobrás, representando a governadora.

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Manda a tradição política brasileira que sempre que um presidente visita um dos estados do país é de bom tom ser recebido pelo governador ou governadora, mesmo que sejam adversários. Até agora durante o seu mandato e o do presidente Lula, a governadora Raquel Lyra não fugiu à tradição. Por isso causou perplexidade a informação do Palácio do Campo das Princesas na tarde desta quarta-feira de que a governadora não receberia Lula em visita ao estado esta quinta para programação em Goiana e no Recife pois, na volta de Belém, no Pará, onde foi a um encontro dos governadores na mesma quarta, iria logo cedo para Petrolina e, depois, para Ouricuri cumprindo a agenda do programa Ouvir para Mudar, de escuta da população e à noite participaria de outra agenda oficial do Festival Pernambuco é o Meu País.
Lula pode até ter se incomodado, mas não passou recibo. Em entrevista ao Jornal do Commercio publicada esta quinta mas dada quando já sabia da ausência de Raquel, que fora comunicada na mesma quarta cedo ao Palácio do Planalto, afirmou : “ Pernambuco tem grande privilégio ao contar com políticos do porte de Raquel Lyra e João Campos”. O prefeito, porém, que estivera em outras visitas de Lula ao Recife às quais a governadora compareceu, afirmou em Brasília Teimosa, no último compromisso do dia do presidente, que era menino nos outros mandatos de Lula mas se recordava que ele viera oito vezes a Pernambuco “e meu pai, como governador, o recebeu todas as vezes.”
E acrescentou: “ eu quero dizer, presidente, que onde o senhor estiver no meu estado, na minha cidade, eu estarei ao seu lado, defendendo o seu nome e dizendo que eu sou um soldado do senhor”. Mais claro, impossível. Durante todo o dia choveram especulações no meio político e na Assembleia Legislativa sobre a ausência de Raquel. A vice Priscila Krause, que foi a Goiana para a inauguração da fábrica de hemoderivados da Hemobrás representando a governadora, disse que a agenda do interior incluía a presença de muita gente previamente convidada e não foi possível garantir transporte para Raquel ir a Petrolina pela manhã e estar em Goiana às 13 horas quando o ato começou, embora estivesse marcado para às 11 horas. O secretário da Casa Civil, Túlio Vilaça, informou a este blog que a agenda de Lula só foi fechada quando a governadora estava em Belém na quarta.
Programação do Recife
Na verdade, além do evento em Goiana, toda a programação do presidente no Recife, que incluiu as áreas de saúde e de habitação, foi feita em comum acordo entre a Prefeitura e o Planalto. Não passou pelo Palácio das Princesas. Foi, portanto, com exceção de Goiana, uma programação exclusiva para João Campos. Isso pode ter pesado na decisão de Raquel, tanto que a vice Priscila foi à Hemobrás mas não esteve em Brasília Teimosa.
Realce para Humberto e João Paulo
Lula chamou dois petistas para ficarem a seu lado quando falava nos dois municípios. Em Goiana foi o senador Humberto Costa que, como o presidente afirmou, se empenhara dia e noite como ministro da saúde para que a Hemobrás ficasse em Pernambuco e não em outros estados que disputavam o empreendimento. Em Brasília Teimosa, ele chamou o deputado estadual João Paulo Silva, ex-prefeito do Recife, ao lado do qual relembrou que em 2003 viera a Brasília Teimosa e junto com João Paulo vira o drama dos moradores de Palafitas e decidira, em parceria com a Prefeitura, tirar as pessoas dos barracos onde moravam invadidos à noite pela água do mar, e dar a cada família desalojada uma residência nova.
Puto da Vida
Lula ressaltou, por fim, que viera entregar 1 mil títulos de propriedade só 15 anos depois que as casas foram entregues e reclamou da burocracia e da morosidade. Disse então ao prefeito João Campos que quer voltar em janeiro de 2026 para entregar os que estão faltando. “Fiquei puto da vida quando soube que vocês ainda não tinham título de posse”- disse aos moradores e pediu que anotassem a promessa que ele estava fazendo: “venho em janeiro e antes do dia 31. Podem me cobrar”.
Pergunta que não quer calar
Depois dos 15 anos de atraso, Lula vai estar mesmo em Brasília Teimosa em janeiro e encontrará todos os títulos prontinhos para entregar aos moradores?
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