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Ivanildo Sampaio: Até quando?

Faz tempo, muito tempo, que nosso país clama por algumas Reformas estruturais, como a Reforma Política , a Reforma Administrativa e Tributária

Por IVANILDO SAMPAIO Publicado em 10/08/2025 às 6:00

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Previsão de especialistas afirmam que o Brasil vai encerrar o exercício de 2025 com um déficit de R$ 8,5 trilhões nas contas públicas. Em qualquer lugar do mundo, isso é muito dinheiro. Tão logo o presidente Lula tomou posse, e anunciou Fernando Haddad como ministro da Fazenda, já se sabia que as condições fiscais do país eram preocupantes, que as despesas cresciam mais do que as receitas, que a Previdência corre risco de não poder mais pagar os aposentados, que alguns gastos previstos em lei são irremovíveis, etc. etc. E Haddad passou meses falando de um “arcabouço fiscal” que, infelizmente, transformou-se num “calabouço fiscal”, com o Brasil enterrado nele. Infelizmente, não se viu nem se vê, por parte dos três Poderes, nenhuma preocupação em cortar gastos, diminuir privilégios, enxugar uma estrutura desnecessária e improdutiva, paga pelo bolso do contribuinte.

O governo do Presidente Lula tem mais ministérios do que qualquer país rico da Europa. São tantos ministros que alguns deles, em três anos e meio de gestão, nunca sentaram para uma audiência com o Presidente. Se não existissem, não fariam a menor falta. Cada Ministério tem dezenas de servidores, bem remunerados e com seus privilégios.

E a República, como um todo, está totalmente contaminada. Em todos os Poderes e em todos os setores. Alguns exemplos:

Dentro dessa realidade, não há gastos mais improdutivos do que os chamados Fundos Partidários. Criados, entre outras coisas, para sustentar pelegos. São bilhões de reais colocados anualmente à disposição das legendas, controlados por políticos como Waldemar Costa Neto, Ciro Nogueira ou Gilberto Kassab, que nunca foram exemplos de comportamento ético e que gastam como querem e bem entendem. Garantem, inclusive, “remuneração mensal” para políticos sem mandato, passagens aéreas e hotéis de luxo para quem bem entendem, têm a chave do cofre e o cofre também. Existem as “emendas parlamentares”, as “emendas impositivas” ou sabe-se lá o que, com as quais os políticos fazem chantagem com o Executivo, atrasam votações, bloqueiam projetos, boicotam sessões, subvertem a República. Recebem verbas de representação, moradia gratuita, automóveis, vários assessores e outros privilégios, todos pagos pelo contribuinte.

Mas, não é só no Legislativo e no Executivo que os abusos proliferam. Recentemente, a televisão mostrou um triste e lamentável episódio ocorrido em São Paulo, envolvendo um juiz aposentado. Fernando Augusto Fontes Rodrigues Junior, é o nome do Magistrado de apenas 61 anos, que recebe uma remuneração mensal superior a R$ 100 mil, embora esse limite para o servidor publico, estabelecido pela Constituição, seja de R$ 46,3 mil. Este juiz, aposentado em plena capacidade produtiva, foi personagem de um triste episódio que só macula a imagem do Poder Judiciário, não bastassem as suspeitas sobre vendas de sentenças, envolvendo alguns magistrados no Centro Oeste e noutras regiões do País.

Completamente embriagado, depois de uma noite de esbórnia numa Boate de Araçatuba, no interior de São Paulo, esse juiz saiu dirigindo seu automóvel pelas ruas da cidade, com uma mulher totalmente nua, sentada no seu colo. Fazendo zig-zag pelas avenidas através da noite, ele atropelou uma ciclista inocente, que, mesmo sendo socorrida, não resistiu aos ferimentos. Quem vai julgar esse cidadão? Ele tem foro privilegiado? Será que houve algum constrangimento para integrantes do Poder Judiciário, frente a um episódio tão deprimente? O Juiz foi preso em flagrante, mas pagou uma fiança com a bela aposentadoria que recebe e certamente jamais cumprirá um dia de prisão pelo crime cometido. Afinal, ele tem uma renda declarada de R$ 130 mil por mês, por conta de penduricalhos agregados ao salário legal, como costuma acontecer em todos os Poderes da República.

O Executivo, quando o cinto aperta – e aperta muito – recorre sempre ao caminho mais curto: criar novos impostos, taxas, contribuições e adendos, penalizando o cidadão, indefeso e impotente.

Faz tempo, muito tempo, que nosso país clama por algumas Reformas estruturais, como a Reforma Política e a Reforma Administrativa, afora a Reforma Tributária, que aprovada no Congresso, sabe Deus quando entrará em vigor. E mesmo com a Reforma Tributária aprovada, o presidente Lula desentendeu-se com o Poder Legislativo, quando tentou criar novas taxações, rejeitadas pelo mercado e pela Câmara dos Deputados. Políticas assistencialistas algumas vezes também viciam – se não forem respaldadas por medidas complementares.

Essas políticas, que sempre fizeram parte da cartilha do PT, nunca foram acompanhadas de medidas complementares, necessária para garantir um futuro com dignidade para os beneficiados. Também não podem se sobrepor à realidade da economia – porque podem levar a sociedade como um todo ao fundo do poço. Um déficit de R$ 8 trilhões nas contas públicas é um motivo real de preocupação. E os políticos não querem ver isso. Daqui a quatro anos o calendário marcará o centenário da quebra da Bolsa em Nova Iorque. Isso deveria servir de alerta para os nossos perdulários homens públicos.

Antes que isso acontecesse, os agentes econômicos receberam, por lá, todos os avisos e sinais do que poderia acontecer. Assim como a expansão do nazismo, e a perseguição aos judeus, ninguém ligou muito para o sinal piscando. E acabou como todos nós sabemos, com o fim de um ciclo da história que remarcou as fronteiras do mundo e abriu as portas para um futuro incerto e não sabido.

No Brasil, a continuar esse descontrole, nós não teremos uma guerra, talvez apenas alguns protestos civis, além da ampliação da pobreza e da desigualdade social, que permitirão o surgimento de novos demagogos. Até porque tudo aquilo que é ruim, quando não consertado, só tende a piorar. E o relógio continua correndo. O presidente Lula vai gastar o que não tem e o que não pode em busca de uma reeleição cada vez mais incerta, diante de uma rejeição que cresce a cada pesquisa e ele faz que não vê.

A sua gestão é ruim, improdutiva, antiga e rançosa – com o mesmo discurso dos tempos das assembleias sindicais. Soma-se a isso o tarifaço de Donald Trump, uma punhalada covarde e traiçoeira na economia do País, em nome da defesa de um político e de uma causa indefensáveis. Já Família Bolsonaro, claramente e à luz do dia, trabalha incansavelmente para ver o Brasil humilhado e mendicante; com a conivência covarde e traiçoeira de parte do Congresso Nacional; a nossa diplomacia é indolor e sem sangue, como a lua de mel de alguns casais...

Não há, portanto, qualquer razão lógica para que a sociedade consciente tenha uma pitada de otimismo. E resta ao povo, humilhado e ofendido, perguntar: até quando vocês abusarão de nossa paciência?

Ivanildo Sampaio, jornalista

 

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