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Boris Berenstein: O pai e o líder - reflexões de uma família empresária no Dia dos Pais

Em minha trajetória como empresário e membro de família empreendedora, aprendi que liderar uma empresa familiar é um exercício de paternidade ampliada

Por Boris Berenstein Publicado em 10/08/2025 às 6:00

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No Dia dos Pais, celebramos mais do que o papel do provedor ou do educador. Celebramos aquele que guia, que protege e que se preocupa com o futuro dos seus. Esse também é, de certo modo, o papel de quem lidera uma família empresária: alguém que precisa equilibrar afetos e responsabilidades, decisões de curto prazo e a visão de longo alcance.

Em minha trajetória como empresário e membro de uma família empreendedora, aprendi que liderar uma empresa familiar é, muitas vezes, um exercício de paternidade ampliada. Exige a mesma dedicação em formar, cuidar, preparar e, sobretudo, perpetuar.

O professor John A. Davis, do MIT e fundador da Cambridge Family Enterprise Group, com quem tenho grande admiração, tem se dedicado a entender justamente essa sobreposição entre os papéis de pai, líder e guardião de um legado. Suas pesquisas mostram que famílias empresárias bem-sucedidas são aquelas que compreendem que perpetuação não acontece por acaso — ela é construída com intenção, trabalho e visão de futuro.

Assim como um pai deseja o melhor para seus filhos — educação, saúde, valores sólidos e caminhos abertos —, o líder de uma família empresária precisa cuidar não só das pessoas, mas também de um patrimônio coletivo, capaz de sustentar gerações. Isso implica pensar além do agora, enxergar o que ainda está por vir, e preparar aqueles que virão depois.

A sucessão, talvez o tema mais sensível nas famílias empresárias, não é muito diferente de educar um filho para a vida. Não se trata de uma entrega repentina, mas de um processo cuidadoso de formação, confiança e passagem gradual de responsabilidades. John Davis nos ensina que sucessão bem-sucedida não é improvisada — ela é planejada, acompanhada, discutida e, sobretudo, vivida no dia a dia, como um pai que educa pelo exemplo.

Também aprendi, ao longo dos anos, que famílias precisam de estrutura. Regras claras, espaços de diálogo, respeito às diferenças. Isso vale tanto para a mesa de jantar quanto para o conselho de administração. A governança é a espinha dorsal que permite que a família cresça unida e que o negócio sobreviva aos ciclos naturais da vida.

Mais do que patrimônio material, o maior presente que um pai pode deixar é o seu exemplo. O mesmo vale para o líder de uma família empresária: seu verdadeiro legado está naquilo que inspira, nos valores que transmite e na cultura que ajuda a preservar.

Neste Dia dos Pais, celebro com gratidão todos aqueles que, como eu, vivem esse duplo papel — de pai e de líder. Que cada um encontre, no afeto e na disciplina, na escuta e na coragem, os caminhos para construir um futuro mais duradouro e verdadeiro para sua família e sua empresa.

Feliz Dia dos Pais!

Boris Berenstein, Associado da Cambridge Family Enterprise Group

 
 
 

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