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Mais que comida: um banquete de dignidade e transformação na Fenearte

Na cozinha, a gente alimenta o corpo — mas também cura feridas, resgata memórias, transforma realidades. E foi exatamente isso que fizemos

Por CARLOS BRAGA Publicado em 21/07/2025 às 7:00

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Estar na 25ª Fenearte com o Programa Bom Prato foi, para mim, um dos momentos mais marcantes desta gestão. Mais do que ocupar um espaço na maior feira de artesanato da América Latina, levamos até lá o que de mais precioso temos nas Cozinhas Comunitárias de Pernambuco: o talento, a resistência e a beleza das histórias que brotam dessas panelas todos os dias.

Ver os cozinheiros e cozinheiras ocupando a Cozinha Fenearte com tanto brilho nos olhos e orgulho no peito foi emocionante. A cada aula-show, a cada prato servido, o que se colocava à mesa era muito mais do que alimento — eram memórias, tradições, afetos. Era gente contando sua história através do sabor, com coragem e dignidade.

Não foi por acaso que escolhemos estar ali. A nossa participação foi um gesto concreto de reconhecimento, valorização e respeito por essas pessoas que atuam nas mais de 200 Cozinhas Comunitárias espalhadas por Pernambuco. São mulheres e homens que transformam a vida com o que sabem e fazem, com o que aprenderam ao longo de trajetórias muitas vezes marcadas pela luta.

Me emocionei ao acompanhar a oficina conduzida por Luiz Vieira, de Sanharó, que com um simples "falso estrogonofe de frango" mostrou que é possível ser criativo, nutritivo e acolhedor ao mesmo tempo. Luiz compartilhou mais do que uma receita — dividiu sua trajetória de superação e descobriu, na cozinha, um novo propósito de vida.

E quando vi Karla Silvino, de Caetés, apresentar seu bolo de banana com chocolate com tanto cuidado e carinho, tive certeza de que estávamos no caminho certo. Ela, como tantas outras, tem uma habilidade que transcende a culinária. É arte. É cultura. É força de uma gente que resiste e se reinventa.

E não posso deixar de falar da nossa bike food, que continua na Fenearte até o último dia. Ver as beneficiárias do projeto Reduzindo Distâncias comercializando seus quitutes, com autoestima e autonomia, é a expressão concreta do que chamamos de empoderamento feminino e empreendedorismo social. A cada doce vendido, a cada salgado compartilhado, há ali um pedaço de uma história que está sendo reescrita com esperança.

Dona Esmeraldina, do Cabo de Santo Agostinho, disse que estar na Fenearte foi a realização de um sonho. E eu digo que ver esse sonho realizado também foi um presente para todos nós. Porque é isso que o Governo de Pernambuco vem fazendo: abrindo portas, criando oportunidades, dando visibilidade e dignidade a quem historicamente teve suas vozes silenciadas.

Na cozinha, a gente alimenta o corpo — mas também cura feridas, resgata memórias, transforma realidades. E foi exatamente isso que fizemos na Fenearte. Agradeço imensamente a todas as cozinheiras, cozinheiros, parceiros e equipes que tornaram essa ação possível. Seguimos com o compromisso firme de fazer da política pública um instrumento de justiça social, inclusão e afeto.

Carlos Braga, secretário de Assistência Social, Combate à Fome e Políticas sobre Drogas de Pernambuco

 

 

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