Era uma vez a Presidência
Com Michelle e Janja na corrida presidencial, teríamos aí, definitivamente, uma disputa que seria considerada "de potência pra potência"

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A Presidência da República já foi, para os brasileiros, uma Instituição tão merecedora de respeito que não se permitia, sequer, qualquer tipo de galhofa, piada ou gracinha que atingisse sua grandeza. Para ocupar o cargo maior da Nação, buscava-se nomes que fossem capazes de honrar a dignidade do mandato, estadistas com histórico de cultura e de respeito, além de uma visão do Brasil e do mundo.
Eram políticos que chegavam ao cargo quase sempre carregando experiências bem sucedidas, que, na maioria das vezes, já haviam ocupado com honra tarefas republicanas:eram ex-governadores de Estado ou integrantes do Poder Legislativo, de onde saíram aplaudidos pelo povo e com o nome limpo na história.
Até mesmo durante os tristes anos da Ditadura Militar, buscava-se, entre os generais, nomes cujas biografias se colocavam como os de melhor desempenho ao longo de suas carreiras, com cursos realizados no Brasil e no Exterior, liderança entre seus pares e "ficha absolutamente limpa".
Mesmo que não se deseje, nunca mais, sob qualquer condição, trazer de volta ao país aqueles anos de angústia, perseguição e terror, não se apaga a história.
A "liturgia do cargo", de que tanto falava o ex-presidente José Sarney, começou a ser vilipendiada nos primeiros dias da gestão de Jair Bolsonaro, quando, de bermuda e com a ncamisa de um time de futebol, foi para um estádio e se deixou filmar e fotografar para quase todos os veículos da Imprensa brasileira. Antes disso, já havia deixado esperando por ele o Embaixador da França no Brasil, mesmo com essa audiência previamente agendada.Bolsonaro achou mais importante ir cortar o cabelo numa barbearia de esquina.
Os mais idosos estranharam aquilo... NO passado, quando o Rio de Janeiro ainda era a Capital da República, o deputado federal carioca, Edmundo Barreto Pinto, posou de "fraque" e de cueca samba-canção para Revista o Cruzeiro, de grande circulação na época, numa brincadeira em ambiente fechado, e foi cassado por quebra de decoro parlamentar. Mas isso já é outra história; os tempos eram outros...
Agora, seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro, já conscientes de que é inviável a sua candidatura, ensaiam um novo discurso: por falta de imaginação ou excesso de "puxassaquismo", começam a jogar na mídia o nome de sua mulher, a pastora evangélica Michelle Bolsonaro que, segundo consta, jamais ocupou qualquer função pública, nem registra no seu currículo qualquer coisa que lhe revele as mínimas condições para ocupar tão relevante cargo. Que ela, certamente, também não pleiteou.
- O que desejam esses senhores? Uma "República Evangélica" tendo Pastores como conselheiros? Uma marionete a quem possam manobrar? Uma desculpa para que, mais tarde, com o caos instalado, os militares voltem ao poder? Tudo é possível, diante de proposta tão sem sentido, nesse País tão sem rumo, onde quem vem pagando a conta é o povo.
Espera-se, com essa proposta dos "bolsonaristas", que seguidores do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, que tem hoje sua gestão rejeitada pelo povo e a popularidade em baixa, não pensem em sugerir o nome de Dona Janja, a nobre primeira-dama, para substitui-lo como candidata à Presidência. Com Michelle e Janja na corrida presidencial, teríamos aí, definitivamente, uma disputa que sob todos os ângulos seria considerada "de potência pra potência"
Ivanildo Sampaio, jornalista