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Zootecnia e Forragicultura na sociedade: instrumento de formação do futuro cientista

A palma é uma forrageira que apresenta grande quantidade de água, podendo suprir boa parte das necessidades hídricas dos animais...

Por Mércia Virginia Ferreira dos Santos Publicado em 25/06/2025 às 7:00

Entre 13 e 19 de julho de 2025, a UFRPE sediará a 77ª Reunião Anual da SBPC. Uma das atividades que serão realizadas é o minicurso Zootecnia e Forragicultura na sociedade: instrumento de formação do futuro cientista. Este minicurso propõe abordar não apenas a ciência que produz alimentos, mas também como jovens cientistas podem se comprometer com o futuro do planeta e as realidades regionais. Para ilustrar essa conexão, poucas histórias são tão simbólicas quanto a da palma forrageira no Semiárido brasileiro. A palma chegou ao Brasil para abrigar o inseto produtor de carmim. Com o tempo, revelou-se uma solução estratégica para a alimentação animal nas regiões secas. Devido ao metabolismo CAM (Metabolismo Ácido das Crassuláceas), que reduz drasticamente a perda de água, a palma tornou-se uma planta estratégica para produtores do Nordeste, onde o desafio é produzir com pouca chuva e recursos limitados.

A palma é uma forrageira que apresenta grande quantidade de água, podendo suprir boa parte das necessidades hídricas dos animais, e, por isso, funciona como um verdadeiro seguro de vida para os produtores que a cultivam. Para maior eficiência no seu uso na alimentação animal, é importante que a mistura fornecida aos animais inclua alimentos proteicos e fibrosos. Essa cactácea responde bem à adubação, pode ser consorciada com outras plantas forrageiras e agrícolas, e pode ser utilizada para retenção da erosão do solo, prevenção da deterioração de silagens, produção de frutos e, sobretudo, para reduzir a pressão sobre a Caatinga, que tem sofrido com o uso intensivo de seus recursos.

Pesquisas realizadas pela UFRPE e o IPA resultaram no desenvolvimento de cultivares mais produtivas e resistentes à cochonilha-do-carmim (a principal praga da palma), além de práticas de manejo e cultivo. Esses conhecimentos científicos não surgiram do nada, mas são frutos do trabalho e dedicação de estudantes, estagiários, bolsistas de iniciação científica, mestrandos, doutorandos, professores e pesquisadores, muitos formados nas áreas de Zootecnia e Forragicultura.

A história da palma no Brasil é a história da formação de cientistas que decidiram olhar atentamente para o Semiárido. Daí a importância de formar pesquisadores capazes de atender às demandas regionais e desenvolver estudos com palma forrageira, valorizando os sistemas de produção locais e contribuindo para a sustentabilidade do planeta.

Zootecnia e Forragicultura são, assim, ferramentas concretas de transformação social. Por meio delas, é possível formar futuros cientistas que reconhecem o valor do conhecimento aplicado à realidade regional, compreendem a importância da pesquisa para o desenvolvimento humano e sabem que é possível produzir alimentos de qualidade sem destruir o meio ambiente. Assim, formar cientistas em Zootecnia e Forragicultura é manter-se firme nas necessidades locais, mas com o olhar aberto para as questões globais.

Mércia Virginia Ferreira dos Santos, Zootecnista, Professora Titular do Departamento de Zootecnia-UFRPE
Membro da Academia Pernambucana de Ciências

 
 

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