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Gustavo Henrique de Brito Alves Freire: Eu acredito

Acredito que nenhum laço de amizade ou núcleo de sentimento de apreço deveria ser desfeito por divergências política. As pessoas que se estimam...

Por Gustavo Henrique de Brito Alves Freire Publicado em 23/06/2025 às 7:00

Eu acredito que a democracia pressupõe liberdade com responsabilidade, sem o quê vira balbúrdia e não censura prévia.

Eu acredito na paridade de gêneros e na equidade racial como meios de reparação histórica e não como recursos argumentativos que não passam de demagogia.

Eu acredito que a imunidade parlamentar não é salvo-conduto.

Eu acredito no diálogo e que o fato de o outro discordar de mim não nos faz inimigos.

Eu acredito na ética como bússola e na honestidade como padrão.

Eu acredito que o ser humano deve ser livre para direcionar o seu afeto para quem queira, sem por isso ter de dar satisfações a ninguém exceto a si mesmo.

Eu acredito que não é humor se a “piada” causa sofrimento ou angústia ou trauma.

Eu acredito no juramento que prestei ao abraçar a advocacia e em cada palavra enunciada nele, mesmo depois de 27 anos.

Eu acredito que não é direito de ninguém invocar a proteção da Constituição para desafiar os limites dessa mesma Constituição.

Eu acredito que é a vocação que gera as condições para o indivíduo realizar-se profissionalmente, inclusive, no serviço público.

Eu acredito na fé, dê-se à fé o nome que se queira dar. Acredito em acreditar.

Eu acredito que guerras são sempre fracassos, mesmo que em dado momento delas um dos lados se diga o lado vencedor.

Eu acredito no voto eletrônico e na higidez do sistema, tanto quanto acredito na eficácia das vacinas e na ciência, e que o terraplanismo é um veneno.

Eu acredito que a leitura qualifica o indivíduo e o prepara para o mundo, não a dependência da tecnologia e da superficialidade dos falsos gurus e “digital influencers”, mais ainda se se estiver a tratar da dependência a um dispositivo eletrônico que deveria servir para conectar e não para isolar, principalmente no que toca à infância e à adolescência.

Eu acredito que ninguém é próspero plenamente se o seu único patrimônio é mensurável apenas e tão só em dinheiro.

Eu acredito que só no dicionário é que o “sucesso” vem antes do “trabalho” e que nada substitui o esforço perseverante.

Eu acredito na importância de uma magistratura independente para proferir seus julgamentos sem a preocupação de agradar a platéias, e que, mesmo ocasionalmente incompreendida, deva ser sempre preservada nessa prerrogativa.

Eu acredito na advocacia como sacerdócio para a concretização do ideal do acesso à justiça, e acredito no trabalho feito pela Defensoria Pública, cujos quadros, porém, devem sempre estar a serviço dos hipossuficientes e não ter de atender aos que, não o sendo, do silêncio em apontar defesa, escolhem se beneficiar da Defensoria.

Eu acredito que a família não é unicamente aquela formada pelo casamento entre mulher e homem, mas sim a construída pelo bem querer.

Eu acredito que a inteligência artificial jamais substituirá a inteligência emocional.

Eu acredito que o preconceito é uma doença, e, como tal, tem tratamento.

Eu acredito que, no conflito de ideias, não se vence no grito, nem na desqualificação do outro, mas no intelecto e como bem aproveitá-lo.

Eu acredito que somos nós aldeia global um só povo e um só coração.

Eu acredito que lugar de mulher é sempre onde ela quiser e que, para funções iguais, salários iguais entre os gêneros.

Eu acredito que não é a vestimenta, nem as tatuagens, o que define alguém.

Eu acredito que a força do argumento é sempre maior que o argumento da força no plano jurídico e que nenhuma ditadura é positiva, já que parte sempre do pressuposto do esgarçamento das liberdades básicas. Ditaduras matam.

Eu acredito que nenhum laço de amizade ou núcleo de sentimento de apreço deveria ser desfeito por divergências políticas e que as pessoas que se estimam efetivamente podem coexistir mesmo aqui e ali pensando de forma diversa.

Eu acredito que, enquanto existir fome no mundo, não haverá o que celebrar. Da mesma maneira, enquanto houver opressão, sobretudo comportamental, notadamente sobre a pessoa da mulher, não haverá futuro com que sonhar.

Eu acredito, em resumo, que todos estão destinados à grandeza e que o que cada um escolhe fazer do tempo que lhe é dado é o que o irá levar a esse caminho ou o afastar dele, designando-lhe ou um capítulo ou o rodapé da história. Portanto, não queime a largada.

Gustavo Henrique de Brito Alves Freire, advogado

 




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