Israelenses desistem de embaixador e rebaixam relações com Brasil
A decisão é reflexo da crise diplomática entre os dois países, causada pelas críticas do presidente Lula à guerra de Israel contra o Hamas, em Gaza

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Israel rebaixou nesta segunda-feira, 25, as relações com o Brasil, após o Itamaraty desistir de aprovar a indicação do diplomata Gali Dagan para o posto de embaixador em Brasília. Em nota, a chancelaria israelense afirmou, segundo o jornal Times of Israel, que os laços diplomáticos entre os dois países serão conduzidos em um "patamar inferior". O Brasil não comentou.
A decisão é o desdobramento mais recente da crise diplomática entre os dois países, detonada pelas críticas do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva à guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza.
Desde o ano passado, Lula tem reiteradamente acusado Israel de genocídio. Ao comparar as mortes de civis palestinos com o Holocausto, Lula foi declarado persona non grata em Israel - a comparação foi considerada ofensiva pelo governo israelense, por comparar as vítimas do nazismo a seus algozes.
A crise provocou uma reprimenda pública ao então embaixador brasileiro, Frederico Meyer, no Museu do Holocausto, em Jerusalém. O Itamaraty considerou a atitude da chancelaria israelense hostil e chamou Meyer de volta a Brasília, sem nomear um substituto.
"Após o Brasil, excepcionalmente, se abster de responder ao pedido de agrément do embaixador Dagan, Israel retirou o pedido, e as relações entre os países agora são conduzidas em um nível diplomático inferior", diz o comunicado da chancelaria de Israel.
Crítica
Segundo o Times of Israel, a chancelaria observa que a "linha crítica e hostil que o Brasil tem demonstrado em relação a Israel", desde o massacre liderado pelo Hamas, em 7 de outubro de 2023, "foi intensificada" por declarações do presidente brasileiro, no ano passado.
Em entrevista à TV Globo, o assessor de assuntos internacionais do Planalto, Celso Amorim, disse que a decisão de não aceitar a indicação do embaixador israelense é reflexo da retirada de Meyer de Israel.
"Não houve veto. Eles pediram um agrément e não demos. Não respondemos. Eles entenderam e desistiram. Eles humilharam nosso embaixador lá, uma humilhação pública. Depois daquilo, o que eles queriam?", declarou Amorim.