Em resposta a Trump e Rússia, Reino Unido e Alemanha assinam 1º pacto de defesa desde a 2ª Guerra
Acordo prevê defesa mútua em caso de ataque e visa criar um novo eixo estratégico europeu com a França para lidar com a insegurança global

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Em um movimento de profunda reorganização geopolítica, o Reino Unido e a Alemanha assinaram, nesta quinta-feira (17), o Tratado de Kensington, o primeiro pacto de defesa mútua entre os dois países desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
A aproximação histórica é uma resposta direta ao cenário de instabilidade global, agravado pela ameaça da Rússia e pela política isolacionista do presidente dos EUA, Donald Trump.
O acordo, assinado em Londres pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, pelo chanceler alemão, Friedrich Merz, estabelece uma cláusula de defesa coletiva semelhante ao Artigo 5º da Otan: um ataque armado a um dos países será considerado um ataque a ambos, que se ajudarão mutuamente, "inclusive por meios militares".
Um novo eixo europeu
A iniciativa vai além de um acordo bilateral. O chanceler alemão defendeu abertamente a criação de um eixo estratégico entre Londres, Paris e Berlim, para aprofundar a cooperação em defesa e combater a imigração ilegal. A ideia é trazer o Reino Unido, mesmo após o Brexit, de volta ao centro das decisões de segurança do continente.
"A cooperação entre Reino Unido e França deveria ser complementada por um acordo entre nós três", disse Merz. Na semana passada, franceses e britânicos já haviam assinado um pacto para coordenar seus arsenais nucleares.
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Rearmamento e contexto
Diante das dúvidas sobre o compromisso dos EUA com a Otan sob a liderança de Trump e a contínua ameaça russa, as potências europeias buscam fortalecer sua própria arquitetura de segurança.
A Alemanha, que não possui armas nucleares, está no meio de seu mais ambicioso processo de rearmamento desde a Guerra Fria, com a promessa de aumentar os gastos militares para 3,5% do seu PIB até 2029. O país já é o terceiro maior fornecedor de equipamentos militares para a Ucrânia.
O Tratado de Kensington, portanto, não cria um bloco militar formal, mas realinha o Reino Unido com as duas maiores potências da União Europeia em um momento de crescente urgência por segurança e estabilidade no continente.
(Com informações do Estadão Conteúdo e agências internacionais).