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'Falam que o Brasil tem economia fechada, mas o país mais liberal está sendo protecionista', diz Haddad em indireta aos EUA

Ministro da Fazenda reforçou que o Brasil tem buscado mais acordos não só com os blocos econômicos, mas também tratativas de comércio bilateral

Por Estadão Conteúdo Publicado em 18/08/2025 às 22:58

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou nesta segunda-feira, 18, alguns artigos que circulam na imprensa dizendo que o Brasil ainda é um país protecionista. "O país mais liberal do mundo [em referência aos Estados Unidos] é o mais protecionista do mundo hoje, tarifa de 30%, 50%, no mundo inteiro. Falar de protecionismo hoje é quase uma brincadeira", disse o ministro.

Segundo Haddad, o Brasil tem feito um movimento contrário, reduzindo muito a sua alíquota efetiva nas últimas três décadas. Ele acrescentou que o mundo hoje exige uma "visão de parceria".

O ministro reforçou que o Brasil tem buscado cada vez mais acordos, não só com os principais blocos econômicos, mas por meio de inúmeras tratativas de comércio bilateral.

Em relação ao canal de negociação com os EUA, Haddad disse que, para que haja tratativas, é preciso haver disposição dos dois lados.

Ele mencionou que para haver "um canal" é preciso que haja um "orifício" de comunicação dos dois lados e reforçou que, do lado do Brasil, esse orifício está aberto.

Ainda sobre a situação com os EUA, o ministro da Fazenda mencionou que as tarifas são resultado da polarização interna no Brasil e que é preciso, antes, também resolver esse "Fla-Flu". Ele também disse que a oposição hoje no País precisa voltar a ter credibilidade.

Reunião desmarcada

Haddad disse que ele, enquanto ministro, tem relação com Estados e, por isso, a troca no governo dos Estados Unidos, com a saída do ex-presidente Joe Biden e a chegada do presidente Donald Trump não significa que a relação entre norte-americanos e brasileiros deveria ficar arranhada.

O ministro também destacou que teve uma reunião "excelente" com o secretário de Tesouro dos EUA, Scott Bessent, em maio e que é preciso "perguntar para ele" o porquê do cancelamento da reunião que deveria ocorrer na semana passada entre os dois.

"O que mudou de maio para julho, aí tem que perguntar para eles. Porque eu estava cercado de assessores na reunião com Bessent, foi uma reunião de quase uma hora em que nós discutimos todos os assuntos", disse Haddad, citando questões como a possibilidade de novas parcerias entre Brasil e EUA, o grupo Brics e a Venezuela.

Segundo ele, há dificuldade de entender o que ocorre no Brasil em relação ao julgamento do ex-presidente da República Jair Bolsonaro. O Poder Judiciário atualmente é "praticamente o mesmo" que julgou o presidente Lula em 2018, disse Haddad, em referência à composição do Supremo Tribunal Federal (STF). "Aliás, tem duas novas pessoas lá que foram nomeadas pelo presidente da República anterior", acrescentou.

O ministro também destacou que governos considerados "duros" têm mais dificuldade em negociar, especialmente quando a outra contraparte não é "dura" da mesma maneira. "Governos mais duros têm mais dificuldade em se abrir para a negociação. A não ser que a contraparte seja tão dura quanto ele. Você vê como ele Donald Trump recebeu o presidente da Rússia, Vladimir Putin? Eu fico vendo essas coisas e acho curioso, porque o Putin foi recebido com o tapete vermelho", detalhou Haddad.

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