Economia | Notícia

EUA cancelam reunião sobre tarifa e Haddad culpa ‘extrema direita’

Outros países como Japão e Coreia do Sul, além da União Europeia, conseguiram marcar conversas com autoridades americanas para negociar o tarifaço

Por Estadão Conteúdo Publicado em 11/08/2025 às 22:17

Clique aqui e escute a matéria

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira (11) que a reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, prevista para esta quarta, 13, foi desmarcada e que até agora não há indicação de nova data. A agenda, informada por Haddad na semana passada, ocorreria por videoconferência e seria uma tentativa de abrir canal de negociações sobre a tarifa de 50% imposta pelo governo americano a produtos brasileiros.

Haddad culpou "forças de extrema direita" pelo cancelamento, e citou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA. "Argumentaram falta de agenda, uma situação bem inusitada", afirmou o ministro, em entrevista à GloboNews, acrescentando que a situação do Brasil é "completamente diferente" da de outros países, porque há no País uma força política que faz "uma espécie de ‘antidiplomacia’".

Outros países como Japão e Coreia do Sul, além da União Europeia, conseguiram marcar conversas com autoridades americanas para negociar o tarifaço. O Brasil não tem tido o mesmo acesso, disse Haddad. "A reunião foi desmarcada por causa de forças de extrema direita."

A sobretaxa de 50%, anunciada em 9 de julho pelo presidente Donald Trump, está entre as maiores entre os países que exportam aos EUA. O decreto que implementa a sobretaxa é marcado por forte tom político, ao dizer que o ex-presidente Jair Bolsonaro sofre perseguição da Justiça brasileira.

Numa tentativa de diminuir o impacto do tarifaço sobre as empresas, o governo prepara um pacote de medidas que deve incluir novas linhas de crédito. Essas medidas podem ter como contrapartida a manutenção do nível de emprego.

Haddad citou entrevista de Eduardo Bolsonaro ao Financial Times, em que o deputado prevê uma nova onda de sanções dos EUA ao Brasil por causa do julgamento de Bolsonaro. "Não há como não relacionar uma coisa com a outra", disse ele. O ministro ainda criticou o custeio do salário do deputado, sem que ele exerça o mandato regularmente no País.

Após a declaração, Eduardo Bolsonaro rebateu o ministro e afirmou, em nota publicada na rede social X, que "Haddad prefere culpar terceiros pela própria incompetência, enquanto Lula (o presidente Luiz Inácio Lula da Silva) só fala besteira por aí e inflama a crise diplomática". A nota divulgada foi assinada em conjunto com o jornalista Paulo Figueiredo.

"Não temos, nem pretendemos ter, qualquer controle sobre a agenda do secretário do Tesouro dos EUA. O sr. Bessent é um profissional admirável, que cumpre as diretrizes determinadas pelo presidente (Trump) e preserva única e exclusivamente os interesses do povo americano."

Compartilhe

Tags