Economia | Notícia

Em nota oficial, CNA diz que 'a economia brasileira não pode continuar refém de narrativas políticas'

Entidade diz que a crise atual tem gerado um "novo ruído na imagem do Brasil", e cita como exemplo a recente carta do presidente dos Estados Unidos

Por Thiago Seabra Publicado em 15/07/2025 às 18:20

Clique aqui e escute a matéria

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou, nesta terça-feira (15), uma nota pública em que expressa “profunda preocupação” com os rumos econômicos e políticos do país.

No texto, a entidade critica o que classifica como uma paralisia nacional alimentada por radicalismos ideológicos e afirma que o Brasil está “à margem de uma agenda política sequestrada”.

A entidade diz que a crise atual tem gerado um “novo ruído na imagem do Brasil no exterior”, e cita como exemplo a recente carta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que repercutiu no cenário político e institucional brasileiro.

Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras destinadas ao mercado norte-americano.

A medida, que passa a valer a partir de 1º de agosto de 2025, foi comunicada por meio de uma carta oficial enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Deveríamos estar nas manchetes internacionais como um fornecedor estratégico de alimentos, energia limpa e minerais críticos. Mas voltamos a ocupar espaço por conta de nossas crises políticas internas”, afirma a nota publicada pelo CNA.

Críticas ao executivo, legislativo e judiciário

A CNA aponta que o governo federal tem optado por “reabrir feridas políticas”, adotando uma postura de confronto com adversários em vez de liderar uma agenda pragmática e pacificadora.

A entidade alerta que essa estratégia tem alto custo, ao minar a confiança empresarial, reduzir a previsibilidade regulatória e comprometer a estabilidade institucional.

O Congresso Nacional também é alvo de críticas, por se envolver em disputas e manobras distantes das urgências econômicas, muitas vezes pressionado por interesses de base.

Já o Judiciário é citado como um ator que, mesmo agindo em nome da legalidade, tem assumido protagonismo excessivo e contribuído para a instabilidade política.

“Nenhum investidor aposta num país preso em disputas do passado”, reforça a nota.

Apelo por reformas e estabilidade

“A economia brasileira não pode continuar refém de narrativas políticas que alimentam extremos e paralisam decisões”, conclui a nota.

A Confederação cobra que os líderes políticos “corrijam a grave crise de orientação” e coloquem o país de volta ao caminho da previsibilidade, da confiança e do crescimento sustentável.

Confira a nota na íntegra

"A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) manifesta sua preocupação com o cenário atual em que, enquanto o Brasil real tenta recuperar sua economia, atrair investimentos, abrir mercados e gerar empregos, a política nacional insiste em girar em torno de uma pauta estéril, paralisante, marcada por radicalismos ideológicos e antinacionais.

A presença dessa agenda como prioridade, inclusive nas relações internacionais, ficou ainda mais evidente com a carta do presidente Donald Trump , um gesto simbólico, mas que reverberou nas instituições brasileiras e criou novo ruído na imagem do país no exterior. O Brasil, que deveria estar consolidando sua posição como fornecedor estratégico de alimentos, energia limpa e minerais críticos, volta às manchetes internacionais não por suas oportunidades, mas por suas "crises políticas pessoais" internas.

A verdade é que o Brasil tem sido governado, direta ou indiretamente, por uma obsessão com o passado. O Congresso Nacional, pressionado por suas bases políticas, perde tempo em disputas e manobras que têm pouco a ver com os interesses econômicos do país. O Judiciário, por seu turno, também tem sido envolvido em um protagonismo institucional que, embora muitas vezes necessário, alimenta uma instabilidade constante.

E o governo atual é muito culpado também. Em vez de assumir a liderança de uma agenda pragmática e pacificadora, optou por reabrir feridas políticas, reforçando antagonismos e muitas vezes tratando adversários como inimigos. Essa escolha tem custo. A confiança empresarial, a previsibilidade regulatória e a estabilidade institucional, pilares de qualquer economia saudável, são minadas quando o próprio governo entra no jogo da revanche.

O setor econômico assiste a tudo com preocupação. O Brasil precisa de foco.

Precisamos de reformas estruturais que destravem o crescimento, de segurança jurídica, de um ambiente político que permita pensar no médio e longo prazo. Nenhum investidor aposta num país preso em disputas do passado.

É preciso que alguém diga o óbvio: a economia não pode continuar sendo refém de narrativas políticas que alimentam extremos e paralisam decisões. O Brasil precisa voltar a olhar para frente. E isso exige maturidade, de todos os lados.

A política precisa corrigir essa grave crise.

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

Brasília, 15 de julho de 2025"

Saiba como acessar nossos canais do WhatsApp


#im #ll #ss #jornaldocommercio" />

Compartilhe

Tags