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Casa onde viveu Capiba é reformada e será ocupada pelo Conservatório Pernambucano de Música

Localizado no Recife, espaço passou por obras de adaptação, preservando características originais, e receberá ensaios e apresentações

Por Emannuel Bento Publicado em 30/10/2025 às 12:13

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A Casa Capiba, onde viveu o músico pernambucano Lourenço da Fonseca Barbosa (1904–1997), foi reinaugurada nesta quarta-feira (29) como novo espaço do Conservatório Pernambucano de Música (CPM), após reformas realizadas pelo Governo do Estado. O espaço fica localizado no bairro do Espinheiro, na Zona Norte do Recife.

O imóvel havia sido desapropriado pela gestão estadual em 2017 e agora passa a integrar o patrimônio do Conservatório, instituição vinculada à Secretaria de Educação e Esportes (SEE).

Atualmente, o CPM conta com 1600 estudantes, que deverão utilizar a Casa para ensaios, apresentações e formações musicais. Para isso, o espaço passou por obras de adaptação e acessibilidade, preservando as características originais do imóvel.

Segundo o Governo do Estado, a reforma recebeu investimentos de R$ 750 mil — embora, no anúncio inicial, o valor estimado fosse de R$ 1,5 milhão.

Histórico

Janaína Pepeu/Secom
Casa Capiba será usada para ensaios, performances e formações musicais do Conservatório Pernambucano de Música - Janaína Pepeu/Secom
Janaína Pepeu/Secom
Casa Capiba será usada para ensaios, performances e formações musicais do Conservatório Pernambucano de Música - Janaína Pepeu/Secom

A casa foi construída em 1948, no número 369 da Rua Barão de Itamaracá. Após a morte de Capiba, o imóvel foi herdado pela viúva, Maria José Barbosa, a "Dona Zezita", que voltou a morar em Surubim, no Agreste (terra natal do músico) e alugou o imóvel à empresa de consultoria TGI, que o transformou em uma espécie de memorial.

Em 2017, o imóvel foi desapropriado pelo Governo do Estado com o objetivo de destiná-lo à preservação e conservação da memória artística de Pernambuco, o que não chegou a ser efetivado.

Em 2021, uma reportagem do JC denunciou o estado de abandono da residência, cuja porta havia sido arrancada. O local foi fechado por tapumes e apresentava infiltrações, janelas quebradas e telhas danificadas. O piso dos dois andares estava coberto por folhas e raízes de árvores.

Em 2024, a casa chegou a ser ocupada pelo Movimento Casarão de Mulheres (MTCM/PE), em um ato que reuniu mais de 50 famílias de diversas regiões do Estado.

Memória

ACERVO CAPIBA
Lourenço da Fonseca Barbosa (1904–1997), o Capiba - ACERVO CAPIBA

A memória de Capiba também vem sendo preservada pelo Instituto Capiba (IC), inaugurado em julho deste ano. A iniciativa reúne musicólogos, restauradores, antropólogos, advogados e produtores culturais dedicados à salvaguarda da obra do compositor.

A sede do Instituto fica no centro de Surubim, em frente à casa de Dona Zezita, que há anos conserva o acervo original do músico. O material inclui mais de 11 mil partituras, 4 mil fotografias, objetos pessoais, discos, livros, recortes de jornais e o piano C. Bechstein com o qual Capiba compôs boa parte de sua obra.

Cerimônia

A cerimônia de reinauguração contou com a presença da governadora Raquel Lyra, da vice-governadora Priscila Krause e dos secretários estaduais Gilson Monteiro (Educação), Cacau de Paula (Cultura) e Daniel Coelho (Meio Ambiente), além de Renata Borba, presidente da Fundarpe.

Entre os artistas convidados, estiveram André Rio, Marrom Brasileiro, Getúlio Cavalcanti, Claudionor Germano, Nonô Germano, Maestro Formiga, Nena Queiroga, Ed Carlos, Almir Rouche, Kelly Rosa e Benil, além de Rômulo Menezes, presidente do Galo da Madrugada.

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