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Prêmio Oceanos 2025: Mia Couto, José Eduardo Agualusa e Maria do Carmo Ferreira entre os finalistas

Entre os romances finalistas, destacam-se obras que entrelaçam mito, poesia e História; Selecionados representam Angola, Brasil, Moçambique e Portugal

Por Emannuel Bento Publicado em 24/10/2025 às 14:47

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O Prêmio Oceanos divulgou, nesta sexta-feira (24), a lista dos dez finalistas da edição de 2025.

Divididos igualmente entre prosa e poesia, os selecionados representam a produção literária contemporânea de Angola, Brasil, Moçambique e Portugal. A edição deste ano registrou um recorde de 3.432 obras inscritas, avaliadas por júris especializados em cada categoria.

A diversidade transnacional do prêmio se reflete tanto na presença de autores de quatro países quanto na pluralidade das 13 editoras classificadas para a etapa final.

Entre os romances e coletâneas de contos finalistas, destacam-se obras que entrelaçam mito, poesia e História, caso de "A Cegueira do Rio", de Mia Couto, inspirado em um episódio militar real ocorrido em Moçambique em 1914. Segundo o autor, a literatura "revisita o passado e revela o que se quis apagar".

Na poesia, um dos destaques é o lançamento de "Coram Populo", de Maria do Carmo Ferreira, até então inédita em livro. A coletânea, que reúne poemas de décadas anteriores, evidencia a força inventiva e provocadora de sua escrita.

Finalistas de Prosa

  • A cegueira do rio, Mia Couto – Moçambique
    (Caminho, Companhia das Letras, Fundação Fernando Leite Couto)
  • As melhoras da morte, Rui Cardoso Martins – Portugal
    (Tinta-da-China)
  • Mestre dos batuques, José Eduardo Agualusa – Angola
    (Quetzal; Tusquets)
  • Ressuscitar mamutes, Silvana Tavano – Brasil
    (Autêntica)
  • Vermelho delicado, Teresa Veiga – Portugal
    (Tinta-da-China)

Finalistas de Poesia

  • As coisas do morto, Francisco Guita Jr. – Moçambique
    (Gala-Gala; Kacimbo)
  • Coram populo – Poesia reunida [2], Maria do Carmo Ferreira – Brasil
    (Martelo)
  • Lições da miragem, Ricardo Gil Soeiro – Portugal
    (Assírio & Alvim)
  • Longarinas, Ana Maria Vasconcelos – Brasil
    (7Letras)
  • O pito do pango & outros poemas, Fabiano Calixto – Brasil
    (Corsário-Satã)

Histórias e vozes da prosa finalista

Em "Mestre dos batuques", Agualusa recorre a um acontecimento histórico para construir uma narrativa de amor, a que chama de "falso romance histórico".

Já Ressuscitar mamutes, de Silvana Tavano, e "As Melhoras da Morte", de Rui Cardoso Martins, exploram personagens que, diante da morte, revisitam origens, memórias e vínculos familiares.

Nos contos de Vermelho delicado, Teresa Veiga investiga as fronteiras entre o normal e o anormal — e as múltiplas faces da loucura.

A força da poesia contemporânea

A variedade formal e temática também marca a categoria de poesia. Em "O pito do pango & outros poemas", Fabiano Calixto combina experimentos gráficos, rimas, musicalidade e crítica. Já "Longarinas", de Ana Maria Vasconcelos, aposta em brevidade e rigor formal para compor conjuntos de grande impacto.

Em "Lições da Miragem", Ricardo Gil Soeiro transita entre diferentes epistemologias, subvertendo-as poeticamente, enquanto Francisco Guita Jr., em "As coisas do Morto", transforma a reflexão sobre a finitude num convite à urgência de viver.

O resultado final do Prêmio Oceanos 2025 será divulgado nos próximos meses.

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