Cultura | Notícia

Clube Elefante de Olinda enfrenta impasse para criar sede cultural no Carmo; entenda

Agremiação abriu mão dos Chalés do Carmo, destinados ao Conservatório de Música, e tenta restaurar casas anexas ocupadas irregularmente

Por Emannuel Bento Publicado em 18/07/2025 às 16:34 | Atualizado em 18/07/2025 às 17:05

Clique aqui e escute a matéria

Com 73 anos de história, o Clube Carnavalesco Misto Elefante de Olinda, um dos mais tradicionais do carnaval pernambucano, continua empenhado em inaugurar sua sede no Sítio Histórico de Olinda.

Em 2022, a agremiação recebeu do Governo de Pernambuco a cessão dos Chalés do Carmo, um conjunto composto por quatro chalés e duas casas anexas.

No entanto, com a decisão da atual gestão de Raquel Lyra (PSD) de transferir o Conservatório Pernambucano de Música para os chalés, o clube optou por ocupar apenas as duas casas anexas, localizadas nos números 646 e 654 da Avenida Sigismundo Ferreira. 

A escolha se deu para evitar possíveis conflitos entre as atividades culturais do Elefante e o funcionamento de um conservatório musical. A decisão, contudo, abriu um novo desafio: ambas as casas anexas estão atualmente ocupadas de forma irregular.

Imóveis ocupados

Uma das residências está sendo utilizada por uma pessoa física que, após conversas com a diretoria do clube, comprometeu-se a deixar o local. A outra, anteriormente usada por uma empresa de vigilância, foi desocupada espontaneamente após o decreto de cessão do Estado.

DIVULGAÇÃO
Prédios anexos aos Chalés do Carmo, em Olinda, serão a sede do Clube Elefante de Olinda - DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
Prédios anexos aos Chalés do Carmo, em Olinda, serão a sede do Clube Elefante de Olinda - DIVULGAÇÃO

No entanto, uma ONG chamada "Defesa Estadual Integrada da Criança e do Adolescente e Família" (DEICA) também passou a ocupar o espaço. A organização enviou uma carta ao Elefante de Olinda solicitando o uso do imóvel para ações sociais com crianças e adolescentes.

"Pelo regramento da cessão que recebemos, que é onerosa, não é permitido alugar ou repassar o espaço a terceiros. É preciso manter a atividade para a qual a cessão foi concedida, ou seja, a sede do clube", afirma Bruno Firmino, diretor do Elefante.

Segundo ele, a agremiação já acionou advogados para lidar com a situação.

O que diz a DEICA

Procurado pela reportagem, um representante da ONG não confirmou se a organização deixará o imóvel. No entanto, reconheceu ter recebido uma notificação judicial enviada pelos advogados do Clube Elefante de Olinda.

"É uma situação delicada, porque tivemos gastos com a recuperação desse imóvel", afirmou o secretário executivo da DEICA, Paulo Deivson da Silva.

Segundo ele, o espaço já vinha sendo utilizado anteriormente por outras organizações similares, inclusive simultaneamente com a empresa de segurança privada.

"Estamos aqui há cinco anos. O prédio estava totalmente deteriorado. Com recursos próprios, a DEICA reformou o teto, o piso, e passou a desenvolver trabalhos sociais, como distribuição de sopa e almoços na comunidade, além de oferecer aulas de percussão e capoeira", completou.

A sede do Elefante

Fundado em 1952, o Elefante de Olinda pleiteou por diversas vezes imóveis públicos ociosos no Sítio Histórico, sem êxito.

Ao longo dos anos, chegou a funcionar de maneira improvisada nas casas de presidentes e diretores, além de manter, por cerca de uma década, uma sede alugada na Rua do Amparo.

A expectativa agora é transformar as casas anexas no Carmo na sede definitiva da agremiação, com atividades culturais, ações sociais e programas educacionais que fortaleçam a cultura popular.

"Já temos parceiros para captação de recursos via editais e Lei Rouanet, além de um escritório de arquitetura que irá desenvolver os projetos", conta Firmino. "Queremos promover a difusão de saberes, oferecendo cursos, oficinas, e também utilizando o espaço como acervo técnico para armazenar materiais e realizar eventos", complementa.

Restauro dos Chalés do Carmo

CORTESIA
Clube Elefante de Olinda busca recursos para restaurar e dar uso aos Chalés de Olinda, imóveis marcantes do Sítio Histórico em abandono - CORTESIA

O Governo de Pernambuco lançou, neste mês, uma licitação para contratar empresas especializadas na restauração dos Chalés do Carmo, construídos entre 1893 e 1894. O investimento previsto é R$ 460.372,92, com recursos do Novo PAC Seleções.

Após a reforma, os Chalés também receberão o Centro de Difusão do Carnaval.

Na segunda metade do século 20, os chalés chegaram a abrigar o Fórum de Olinda. Após décadas de abandono, passaram por uma recuperação parcial em 2011 para sediar a mostra de arquitetura CASACOR, mas voltaram rapidamente a se deteriorar.

Agora, a expectativa é de que o conjunto passe por uma nova fase, integrando-se à vida cultural e ao cotidiano da população de Olinda.

Compartilhe

Tags