Cultura | Notícia

Chalés do Carmo, em Olinda, devem sediar Centro de Difusão do Carnaval após restauração

Licitação da Fundarpe, financiado pelo Novo PAC Seleções, inclui ainda a criação do Memorial Ilê Obá Ogunté no Sítio do Pai Adão, no Recife

Por Emannuel Bento Publicado em 10/07/2025 às 17:32 | Atualizado em 10/07/2025 às 22:05

Clique aqui e escute a matéria

O conjunto de imóveis conhecido como Chalés do Carmo, localizado no Sítio Histórico de Olinda, está previsto para receber o Centro de Difusão do Carnaval e uma nova sede do Conservatório Pernambucano de Música, após passar por obras de restauração.

A iniciativa faz parte de edital publicado no Diário Oficial do Estado, nesta quinta-feira (10), abrindo licitação para contratação de empresas especializadas na elaboração de projetos técnicos de restauro.

O edital também prevê a criação do Memorial Ilê Obá Ogunté no Sítio do Pai Adão, terreiro do Recife reconhecido como o mais antigo em atividade em Pernambuco.

O investimento total estimado é de R$ 795.862,15, com recursos do programa federal Novo PAC Seleções. As propostas podem ser apresentadas até o dia 2 de setembro, às 10h.

Centro de Difusão do Carnaval

Há anos, o Clube Carnavalesco Misto Elefante de Olinda lutou para transformar o conjunto dos Chalés do Carmo em um centro cultural. No final de 2022, os imóveis foram cedido ao Clube pelo Governo de Pernambuco.

No entanto, o Elefante acabou devolvendo o conjunto, permanecendo apenas com a posse de duas casas vizinhas aos chalés — que, ao todo, somam seis imóveis. "Com a possibilidade de instalar um equipamento público no local, entendemos que isso seria positivo para Olinda e ajudaria a consolidar a área como um polo cultural", explica Bruno Firmino, diretor do Elefante.

Ele acrescenta que o clube ainda pretende utilizar as duas casas que ficaram sob sua responsabilidade. “Estamos nos articulando para dar início aos primeiros passos, mas as casas estão atualmente ocupadas de forma irregular. Já estabelecemos um primeiro contato com os ocupantes”, afirma.

História dos Chalés do Carmo

IPHAN/RJ
Vista geral dos casarios que formam os Chalés de Olinda; data desconhecida - IPHAN/RJ

Construídos entre 1893 e 1894, os chalés remontam ao período em que Olinda atraía visitantes para a prática da talassoterapia — tratamentos terapêuticos com banhos de mar, recomendados por médicos da época.

Em 1902, os então proprietários, Leonardo de Albuquerque Cavalcanti e Carolina de Albuquerque Cavalcanti, venderam os chalés ao comerciante português João Fernandes de Almeida, que desejava presentear cada uma de suas quatro filhas. Os nomes das filhas permanecem até hoje gravados em placas metálicas fixadas nos imóveis.

Na segunda metade do século XX, os chalés chegaram a funcionar como sede do Fórum de Olinda. Após um longo período de abandono, passaram por uma recuperação parcial em 2011 para sediar a mostra de arquitetura CASACOR.

CORTESIA
Clube Elefante de Olinda busca recursos para restaurar e dar uso aos Chalés de Olinda, imóveis marcantes do Sítio Histórico em abandono - CORTESIA

Contudo, pouco tempo depois, voltaram a apresentar sinais de degradação, apesar de serem considerados exemplares importantes da arquitetura eclética do período.

"O restauro dos Chalés do Carmo permitirá a ocupação criativa de um conjunto arquitetônico que integra a história urbana de Olinda. Com o Centro de Difusão do Carnaval e o Conservatório, esse espaço se transforma em um importante vetor de valorização da cultura pernambucana", afirmou Renata Borba, presidente da Fundarpe.

Sítio do Pai Adão

No Recife, o projeto de requalificação do Terreiro Ilê Obá Ogunté, ou Sítio do Pai Adão, busca consolidar a infraestrutura do local e implantar o Memorial do Terreiro, ampliando seu papel como espaço de memória, formação e vivência das tradições afro-religiosas.

Tombado nas esferas federal e estadual, o terreiro é reconhecido como o mais antigo em atividade em Pernambuco e um dos mais relevantes centros de resistência e organização das religiões afro-brasileiras no Brasil.

Investimentos

A Fundarpe, responsável pela elaboração dos termos de referência e pela condução da licitação, dividiu o processo em dois lotes:

  • Lote 1: Projeto de restauração e requalificação do Terreiro Ilê Obá Ogunté, estimado em R$ 335.489,23.
  • Lote 2: Projeto para os Chalés do Carmo, com valor previsto de R$ 460.372,92.

Segundo a Fundarpe, os projetos foram definidos com base em programas de necessidades apresentados tanto pelas comunidades envolvidas quanto por especialistas em patrimônio cultural.

Saiba como assistir aos Videocasts do JC

Compartilhe

Tags