Memórias sertanejas inspiram Jaildo Marinho em nova exposição no Museu do Estado
Radicado na França, artista conhecido por esculturas faz sua primeira individual no Recife em mais de 20 anos; "Metamorfismo" fica em cartaz no Mepe

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Com uma trajetória que percorre o Rio São Francisco, no Sertão, o Rio Capibaribe, no Recife, e desemboca no Rio Sena, em Paris, o artista plástico pernambucano Jaildo Marinho, radicado na França, inaugura a exposição individual "Metamorfismo", aberta nesta quinta-feira (11), no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe).
Natural de Santa Maria da Boa Vista, Jaildo estudou escultura por fundição na Universidade Federal de Pernambuco antes de se mudar para a Europa. Esta é sua primeira exposição individual no Recife desde 2003, quando apresentou seus trabalhos no Instituto Ricardo Brennand.





Jaildo consolidou seu nome nos salões de arte internacionais sobretudo com esculturas em mármore de Carrara. Desta vez, no entanto, o artista volta-se para esculturas produzidas a partir de chifres e couro de boi, numa proposta que busca resgatar memórias da infância vivida no Sertão.
Com curadoria do escritor e crítico de arte Mário Hélio Gomes e direção geral do produtor cultural Will Albuquerque, "Metamorfismo" estabelece um diálogo entre a contemporaneidade das obras e a arquitetura histórica do museu. A exposição fica em cartaz até 10 de agosto.
Memórias da infância
A escolha dos materiais está diretamente ligada às lembranças de infância do artista.
"Minha avó fazia sabão de maneira artesanal, assim como buchada, festas de reisado. Era uma pessoa muito dinâmica, que via o artesanato não como hobby, mas como fonte de renda”, conta Jaildo, em entrevista ao JC.
"É essa poética que trago, essa memória do matadouro do boi, do chique-chique, do mandacaru, da agulha com que ela costurava", acrescenta o artista.
Obras
A mostra reúne 25 obras, incluindo seis esculturas em mármore, seis em granito, seis esculturas criadas com chifres, além de seis relevos instalados nas paredes e uma instalação inédita.


Segundo o artista, esta é a primeira vez, em 40 anos de carreira, que ele utiliza pele e chifre de boi em sua produção artística. "Todos os artistas, desde a pré-história até a arte moderna, sempre se inspiraram nesse animal", explica.
"Trago uma releitura com uma poética contemporânea. Não vou desenhar o boi, mas usar elementos dele, às vezes até suspensos em uma placa de compensado. Eles ficam flutuando, mas são maleáveis para dar essa leveza. Ao mesmo tempo, são consistentes. Faz parte da memória e corresponde ao metamorfismo, que é essa transformação", explica.
Trajetória
Sua primeira exposição no Brasil ocorreu em 2002, no Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco. Alguns anos depois, realizou uma grande mostra na Pinakotheke Cultural, no Rio de Janeiro.
Desde os anos 2000, Jaildo tem participado regularmente de eventos de arte e exposições internacionais. Além disso, contribuiu para a difusão do movimento MADI, tornando-se um dos fundadores do Museu MADI, na cidade de Sobral, no Ceará.
Jaildo também atua como professor no ADAC — Atelier de Sculpture et de Fonderie d’Art de la Ville de Pari.
Entre suas premiações, destacam-se a medalha de ouro no Festival de Mahres, na Tunísia, em 1995, e o Prêmio de Escultura da Bienal de Malta, em 1999.
SERVIÇO
"Metamorfismo", de Jaildo Marinho
Onde: Museu do Estado de Pernambuco
Quando: até o dia 10 de agosto, no horário de funcionamento do museu
Quanto: Gratuito