Cultura | Notícia

Recifense transforma laje no Jordão em espaço de formação teatral; conheça o projeto

"Teatro na Laje: formação de espectadores na periferia" foi criado pela arte-educadora e atriz recifense Milena Marques em sua própria casa

Por Emannuel Bento Publicado em 08/07/2025 às 15:50

Clique aqui e escute a matéria

Uma laje de uma casa no bairro do Jordão Baixo, na periferia da Zona Sul do Recife, vai se transformar em um espaço para ações formativas e culturais voltadas a jovens de bairros como Ibura, Porta Larga, Ipsep e do próprio Jordão.

O projeto Teatro na Laje: formação de espectadores na periferia foi criado pela arte-educadora e atriz recifense Milena Marques em sua própria casa, em um espaço construído por sua mãe para ser um salão de festas.

A proposta é que os alunos vivenciem tanto a prática artística quanto o olhar do espectador. Serão disponibilizadas 20 vagas, e os interessados devem se inscrever por meio de um formulário até a quinta-feira (10).

O primeiro encontro ocorre neste sábado (12), e o curso terá carga horária de 40 horas. A participação é gratuita, pois conta com incentivo do Funcultura. Ao final, os participantes apresentam um exercício cênico aberto ao público.

Acesso ao teatro nas periferias

De acordo com a mais recente pesquisa Cultura nas Capitais, realizada pelo Itaú Cultural e pelo Instituto Cultural Vale, apenas 17% da população recifense costuma assistir a peças teatrais regularmente, percentual abaixo da média nacional, que é de 25%. Se o recorte considerar apenas as classes D e E, esse índice cai para 7%.

Além de questões como o valor dos ingressos e o deslocamento até as áreas centrais, onde se concentram a maioria dos equipamentos culturais, Milena ressalta a importância do senso de pertencimento proporcionado pelo projeto.

DIVULGAÇÃO
Atriz e arte-educadora Milena Marques criou o projeto 'Teatro na Laje: formação de espectadores na periferia' em sua casa, no Jordão, Zona Sul do Recife - DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
Atriz e arte-educadora Milena Marques criou o projeto 'Teatro na Laje: formação de espectadores na periferia' em sua casa, no Jordão, Zona Sul do Recife - DIVULGAÇÃO

"Eu pensava muito em como fazer as pessoas terem mais acesso ao teatro, mas não queria apenas garantir o acesso gratuito. Queria que elas se sentissem pertencentes, que fosse uma troca de igual para igual com o que está sendo apresentado", diz Milena Marques, ao JC.

"Temos visto cada vez mais trabalhos contemporâneos, com linguagens avançadas, serem levados para a periferia. Isso é até interessante, mas o espectador pode se sentir levemente desconectado por não consumir constantemente aquela linguagem. Muitas vezes, ele não se sente autorizado a opinar se gostou ou não", continua.

Durante o curso, todos os alunos terão a oportunidade de assistir gratuitamente a quatro espetáculos teatrais em cartaz na cidade, com direito a visitas aos bastidores e rodas de conversa com artistas. Todo o processo será custeado pelo projeto.

Desafios

DIVULGAÇÃO
Atriz e arte-educadora Milena Marques criou o projeto 'Teatro na Laje: formação de espectadores na periferia' em sua casa, no Jordão, Zona Sul do Recife - DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
Atriz e arte-educadora Milena Marques criou o projeto 'Teatro na Laje: formação de espectadores na periferia' em sua casa, no Jordão, Zona Sul do Recife - DIVULGAÇÃO

Para que o curso chegue até os moradores dos bairros, Milena tem ido às ruas distribuir panfletos e visitado escolas da região onde vive. "Acho que o primeiro desafio é furar a bolha de quem já trabalha com arte e tem como seu círculo principal outros artistas. Precisamos chegar a quem não vivencia a arte", diz.

"Outro desafio, já na elaboração do curso, é pensar no tempo de quem mora na periferia e muitas vezes trabalha no centro, usa transporte público ou tem escala 6x1. Quem mora na periferia muitas vezes não tem tempo de fazer arte, que exige um ócio criativo para a fruição do artista", continua.

O Teatro na Laje também vai convidar os moradores dos arredores para assistirem aos experimentos cênicos elaborados ao longo do curso. "Queremos que as pessoas se sintam autorizadas a vir."

Mais possibilidades

A atriz espera que a laje continue movimentada mesmo após o curso. "Esse projeto é a primeira ação, mas queremos que aconteçam cada vez mais atividades. E que o bairro possa florescer em diversas linguagens artísticas, como a música, sendo também um espaço de sociabilidades", afirma.

"Quem sabe, com os meninos do curso, não conseguimos fazer uma minitemporada dessa ação, ou criar um pequeno grupo de teatro? Com outros projetos, podemos manter uma estrutura para organizar tudo e até contratar pessoas do bairro."

Saiba como acessar nossos canais do WhatsApp


#im #ll #ss #jornaldocommercio" />

Compartilhe

Tags