Segurança | Notícia

Detentos ficam feridos em confusão no Presídio de Igarassu, o mais superlotado e precário de Pernambuco

Briga no pavilhão C ocorreu na madrugada desta segunda-feira (28). Dois presos precisaram ser levados para o Hospital da Restauração, no Recife

Por Raphael Guerra Publicado em 28/07/2025 às 9:30

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Em meio à superlotação, corrupção e falta de estrutura física, o Presídio de Igarassu, no Grande Recife, voltou a ser cenário de cenas de violência. Na madrugada desta segunda-feira (28), uma confusão entre detentos do pavilhão C deixou vários feridos - dois deles de forma mais grave.

A Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) não informou o motivo da briga entre os presos, mas afirmou que a situação controlada pelos policiais penais do plantão da unidade prisional e da Gerência de Operações e Segurança.

Os nomes dos feridos também não foram revelados. A pasta estadual disse que inicialmente dois foram encaminhados para atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Igarassu e, posteriormente, encaminhados ao Hospital da Restauração, no Recife.

A Seap disse, por fim, que "a ocorrência segue em apuração para a identificação dos envolvidos, instauração de procedimento disciplinar e posterior encaminhamento à delegacia para as providências cabíveis".

SUPERLOTAÇÃO E FALTA DE EFETIVO

O Presídio de Igarassu tem capacidade para cerca de 1,2 mil presos, mas atualmente conta com mais de 5,4 mil.

Além disso, o número de policiais penais de plantão é insuficiente, bem abaixo do ideal, como vistorias do Ministério Público Federal e do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) já constataram - mesmo assim, não houve aumento de profissionais.

Atualmente, 634 policiais penais estão formados há mais de um ano aguardando o governo estadual nomeá-los. 

CORRUPÇÃO DESCOBERTA NA UNIDADE

Conforme revelado pelo JC, dois ex-gestores, oito policiais penais, uma dentista e três detentos viraram réus sob a acusação de integrarem o forte esquema de corrupção no Presídio de Igarassu

Entre os réus estão o ex-secretário executivo de Administração Penitenciária e Ressocialização, André de Araújo Albuquerque, filmado recebendo propina na sala da diretoria da unidade prisional, e o ex-diretor do presídio Charles Belarmino de Queiroz, apontado como um dos líderes do esquema de concessão/manutenção de regalias. Ambos foram presos.

A investigação apontou que os ex-gestores e policiais penais recebiam propina, como dinheiro e até comida, para liberar a entrada de drogas, celulares, bebidas alcoólicas e garotas de programa na unidade prisional. Festas também eram autorizadas, segundo diálogos de WhatsApp analisados por peritos federais.

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