Grupo planejou e matou detento para ser transferido de presídio no Recife, conclui MPPE
Depois de assassinado, corpo do preso foi lavado pelos assassinos, que passaram a noite jogando enquanto esperavam o amanhecer, apontou o inquérito

Insatisfeitos com as regras mais rígidas e com a proibição dos chaveiros no Presídio Policial Penal Leonardo de Moura Lago, no Recife, um grupo de detentos planejou e assassinou um colega de cela com o objetivo de serem transferidos para outra unidade prisional. A conclusão faz parte da denúncia do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), encaminhada à Justiça na última semana.
O assassinato do detento Otacílio Alves Frutuozo foi descoberto na manhã de 22 de maio, quando policiais penais chegaram à cela e foram avisados pelos outros presos. A investigação da Polícia Civil indicou que a vítima recebeu um "mata-leão" e um pano foi colocado na boca dele para provocar a asfixia. Depois, teve o pescoço quebrado.
"Após a ação criminosa, o grupo levou a vítima até o banheiro da cela, onde deram banho para retirar as fezes e urina. O corpo foi vestido com uma bermuda, colocado na cama superior da cela e coberto com um lençol, numa tentativa de dissimular as circunstâncias do homicídio", descreveu a denúncia.
"Em seguida, os autores do homicídio tomaram banho e passaram a jogar dentro da cela, aguardando até o amanhecer, demonstrando controle emocional, ausência de pânico e premeditação indireta", complementou.
Os sete acusados afirmaram à polícia que o crime foi cometido porque a vítima estaria fazendo ameaças contra familiares deles e que haveria um conflito entre facções rivais. No entanto, isso não foi comprovado, visto que o único antecedente criminal de Otacílio era por violência doméstica.
"Resta claro que a motivação do crime foi como estratégia para sair da atual unidade prisional, uma vez que esta possui regras mais rígidas e, não permite a presença de 'chaveiros', configurando, portanto, motivo torpe", disse a denúncia do MPPE.
Recém-inaugurado e ocupado por presos há menos de três meses, o Presídio Policial Penal Leonardo de Moura Lago faz parte do Complexo Prisional do Curado.
SETE DENUNCIADOS À JUSTIÇA
O MPPE denunciou à Justiça os detentos Ruan Felipe Souza da Silva, Klebeson Carlos da Silva, Jefferson Santos da Silva, Ivanildo Marques da Silva Junior, Fabricio Alves Gomes Ferreira, Everton Henrique da Silva e Alisson Guilherme Alves Pereira.
O grupo vai responder pelo crime de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, crime cometido por asfixia e mediante recurso que impossibilitou defesa da vítima).