JUSTIÇA | Notícia

Caso Miguel faz 5 anos: 'Dor que não tem nome, justiça que nunca chegou', diz Mirtes

Ato público, nesta segunda-feira (2), cobra agilidade do TJPE na análise de recursos do processo que condenou Sarí Corte Real à prisão

Por Raphael Guerra Publicado em 01/06/2025 às 13:02

A saudade sufocante e a luta diária por justiça continuam fazendo parte da rotina de Mirtes Renata Santana, cinco anos após a perda do filho, Miguel Otávio Santana da Silva. O processo que condenou a ex-patroa, Sarí Corte Real, à prisão permanece na fase de análise de recursos no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), sem previsão de julgamento. 

Nesta segunda-feira (2), um ato público será realizado em frente ao Edifício Pier Maurício de Nassau (Torres Gêmeas), no bairro de São José, área central do Recife, onde o menino de 5 anos morreu após ser deixado sozinho no elevador por Sarí e cair do nono andar. 

Com apoio de entidades e movimentos sociais, Mirtes e familiares de Miguel seguirão em caminhada, a partir das 15h, até o Palácio da Justiça, sede do TJPE, para cobrar o andamento do processo. 

Em maio de 2022, Sarí foi condenada a oito anos e meio de prisão pelo crime de abandono de incapaz com resultado de morte. Já em novembro de 2023, após recursos, a 3ª Câmara Criminal do TJPE reduziu a pena para sete anos. Foram apresentados embargos de declaração, que até hoje não foram analisados.

A tendência é de que o processo siga para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Enquanto isso, Sarí continua em liberdade. 

"Cinco anos de uma dor que não tem nome, de uma espera que não teve fim, de uma justiça que nunca chegou. Cinco anos se passaram e ainda tenho que lutar para que o nome dele [Miguel] não seja apagado, para que o grito por justiça não seja abafado", afirmou Mirtes. 

"Eu sigo. Mesmo cansada, mesmo ferida, mesmo silenciada, eu sigo. E não vou parar enquanto o Brasil não encarar essa ferida aberta que é a morte de Miguel", completou. 

MIGUEL FOI DEIXADO SOZINHO NO ELEVADOR

ACERVO PESSOAL
Miguel Otávio, de 5 anos, morreu após cair do nono andar de um prédio de luxo na área central do Recife, em 2 de junho de 2020 - ACERVO PESSOAL

No dia da morte de Miguel, em 2 de junho de 2020, Mirtes havia levado o filho para a casa da patroa porque não tinha com quem deixá-lo e a creche estava fechada, já que o País vivia a pior fase da pandemia da covid-19. Logo após Mirtes descer com o cachorro de Sarí para passear, o menino decidiu ir à procura da mãe. 

Imagens do circuito de segurança do prédio registraram o momento em que Miguel entrou no elevador. Sarí tenta impedi-lo por um momento, mas acaba apertando um dos botões, deixa o menino sozinho e volta para pintar as unhas. Sozinho, ele chegou em uma área de maquinaria, acessou uma janela e caiu.

OUTROS PROCESSOS EM TRAMITAÇÃO

Além do processo criminal, outros estão em andamento - inclusive trabalhistas. Em maio de 2024, o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT6) determinou que Sarí Corte Real e o marido, Sérgio Hacker, ex-prefeito de Tamandaré, pagassem uma indenização de R$ 1 milhão por danos morais a Mirtes e a Marta Maria, avó do garoto, que também trabalhava como doméstica na mesma casa. Mas o STJ acabou suspendendo a ação. 

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