Menina ouve a voz da mãe pela primeira vez após ativação de implante coclear no Imip
Ativação do implante coclear marcou início de nova fase na vida de Laís, que agora passa por reabilitação auditiva
Clique aqui e escute a matéria
A imagem de uma mãe chamando o nome da filha e recebendo, pela primeira vez, um sorriso em resposta ganhou o Brasil nos últimos dias. O vídeo viralizado mostra o instante em que Laís Vitória, de 12 anos, escutou a voz da mãe pela primeira vez desde o nascimento.
A cena foi registrada no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no Recife, durante a ativação do novo implante coclear da menina.
Laís nasceu com surdez severa e, aos 2 anos, passou pela primeira cirurgia, mas não obteve resposta auditiva. Agora, com um novo procedimento e a ativação do dispositivo, ela começa enfim a ouvir sons — ainda de forma suave, mas suficiente para transformar a rotina da família.
“O dia da ativação foi o dia do nosso sonho realizado. Foi tudo muito novo para mim e para ela. Estamos em fase de adaptação, mas já temos um resultado muito satisfatório”, contou a mãe, Poliana, ainda emocionada.
A reação que comoveu o País
O momento registrado aconteceu na sala da equipe de otorrinolaringologia e fonoaudiologia do Imip. Após ligar o equipamento, a profissional responsável realizou os primeiros testes e chamou Poliana para falar com a filha. No vídeo, Laís sorri, olha para a mãe e responde ao chamado.
“Ela só tira o aparelho para dormir e tomar banho. Quando acorda, já pede logo para colocar e quer conversar. Na volta às aulas, quando ouviu o barulho das crianças, os olhinhos dela brilhavam. A escola inteira se emocionou”, relatou Poliana.
Como funciona o implante coclear
O implante utilizado por Laís é composto por duas partes:
- uma interna, colocada cirurgicamente abaixo do couro cabeludo, ligada ao ouvido interno e ao nervo auditivo;
- uma externa, posicionada atrás da orelha, responsável por captar e transmitir os sons.
O sistema converte o som em sinais elétricos que são enviados ao cérebro, permitindo a percepção auditiva mesmo em casos de surdez profunda, quando aparelhos convencionais não funcionam.
Reabilitação será determinante para evolução da fala
Com a ativação, Laís já escuta, mas o processo para desenvolver compreensão auditiva e fala exige acompanhamento especializado.
“Agora começa a fase mais importante. A cada três meses, no primeiro ano, faremos ajustes na programação do dispositivo, frequência por frequência, para que ela escute cada vez mais e melhor”, explicou a otorrinolaringologista responsável pelo caso.
A médica enfatiza que a reabilitação fonoaudiológica será decisiva: “O acompanhamento semanal é fundamental. É ele que permitirá que Laís compreenda os sons, desenvolva linguagem e aprenda a falar com mais clareza”.
Tecnologia e persistência familiar
Poliana, viúva há dois anos, conta que sempre acreditou na evolução da filha. “Foram anos de joelhos dobrados, pedindo essa graça. Deus mandou esse presente no dia 19. Agora é agradecer e seguir incentivando Laís todos os dias”, disse.
Em poucos dias, a garota já começou a reproduzir algumas palavras, dentro das possibilidades de quem passa a ouvir pela primeira vez após tantos anos de silêncio.
O Imip ressalta que, embora o processo seja gradual, a perspectiva é positiva: com estimulação adequada, a tendência é que Laís evolua rapidamente e conquiste autonomia na comunicação.