Doação de sangue: o que é mito e o que é verdade sobre o procedimento
No Dia Nacional do Doador de Sangue, especialistas reforçam segurança do processo e alertam para a baixa adesão no Brasil
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O dia nacional do doador de sangue, celebrado nesta terça-feira (25), chama atenção para um desafio que persiste no País: mesmo com campanhas frequentes, o número de doadores ainda é menor que o recomendado.
Segundo o Ministério da Saúde, apenas 1,6% da população brasileira doa sangue regularmente, número abaixo dos 2% sugeridos pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Todos os anos, cerca de 3,2 milhões de pessoas precisam de transfusões no Brasil. De acordo com estudo global da Abbott, apenas 19% dos brasileiros entrevistados doam pelo menos uma vez ao ano — perfil majoritariamente de homens entre 25 e 34 anos, escolaridade superior e renda fixa.
Para especialistas, a persistência de mitos é um dos fatores que dificultam o acesso e afastam potenciais doadores.
O que é preciso para doar sangue
O processo é simples e seguro, e todo material utilizado é descartável. Antes da coleta, o voluntário passa por uma triagem que avalia condições gerais de saúde.
Requisitos básicos para doar:
- Ter entre 16 e 69 anos
- Pesar mais de 50 kg
- Estar descansado e alimentado
- Ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas
- Evitar alimentos gordurosos nas 4 horas anteriores à doação
- Menores de 18 anos precisam de autorização dos responsáveis
- Pessoas acima de 60 anos só podem doar se já tiverem histórico prévio de doação
Homens podem doar até quatro vezes por ano, e mulheres até três, devido ao tempo maior de reposição de ferro no organismo.
Mitos e verdades sobre doação de sangue
A seguir, um guia para esclarecer as dúvidas mais comuns, segundo especialistas em medicina transfusional:
Doar sangue pode deixar a pessoa doente?
Mito. A doação não enfraquece o organismo. O volume de sangue se recompõe em até 48 horas, e os glóbulos vermelhos são repostos em aproximadamente oito semanas. Após doar, recomenda-se apenas hidratação e evitar esforços intensos.
Quem usa medicação não pode doar sangue
Depende. Medicamentos como anticoagulantes, antiplaquetários e alguns tratamentos para acne exigem suspensão temporária. Em caso de dúvida, o próprio hemocentro orienta se o remédio impede a doação.
Pressão alta, colesterol elevado ou antibióticos impedem a doação.
Mito, na maioria dos casos. É permitido doar se a pressão estiver abaixo de 180/100 mmHg. Níveis altos de colesterol ou medicamentos para reduzi-lo geralmente não contraindicam. Quem está tomando antibióticos pode doar desde que não tenha infecção ativa.
Fiz endoscopia. Não posso doar.
Verdade. Após procedimentos endoscópicos ou cirurgias laparoscópicas, é necessário aguardar seis meses.
Quem viajou recentemente não pode doar.
Depende. Viagens para regiões com surtos de doenças como malária, zika ou ebola podem gerar período de inaptidão, variando conforme destino e data. A triagem verifica caso a caso.
Por que doar?
A doação de sangue é fundamental para tratamentos de pacientes com câncer, vítimas de acidentes, pessoas internadas com doenças hematológicas, cirurgias complexas e partos de risco. Um único doador pode beneficiar até quatro pessoas.