Bactérias da boca podem aumentar risco de câncer; conheça os principais sintomas

Odontólogo destaca que alterações simples, como sangramento e mau odor, podem indicar desequilíbrio microbiano que favorece doenças graves

Por Maria Clara Trajano Publicado em 24/11/2025 às 17:53

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Com a proximidade das férias escolares, período em que muitas famílias relaxam a rotina de cuidados, o alerta para a saúde bucal ganha ainda mais importância.

O cirurgião-dentista Rômulo Chaves, professor de odontologia da Estácio, explica que a cavidade oral abriga uma das comunidades microbianas mais complexas do corpo humano, com mais de 700 espécies de bactérias, além de fungos, vírus, protozoários e arqueias.

Quando esse equilíbrio se rompe, surgem doenças que podem evoluir para quadros muito graves, incluindo câncer.

Saúde bucal e o risco de câncer

Segundo o especialista, muitos desses microrganismos convivem de forma harmônica no que se chama de eubiose. No entanto, algumas espécies se proliferam de maneira descontrolada, provocando inflamações e contribuindo para o desenvolvimento de doenças sistêmicas.

Entre os patógenos mais preocupantes está a Porphyromonas gingivalis (P. gingivalis), considerada o principal agente da periodontite. Estudos já associam essa bactéria a:

  • Doenças cardiovasculares
  • Aterosclerose
  • Complicações gestacionais
  • Artrite reumatoide
  • Câncer oral
  • Câncer colorretal

Outra bactéria de destaque é a Fusobacterium nucleatum (F. nucleatum), cada vez mais ligada ao câncer colorretal, um dos mais prevalentes no Brasil, e também associada ao câncer de pâncreas.

Segundo o professor, a presença combinada de determinadas bactérias e fungos pode elevar em até 3,4 vezes o risco dessa doença.

Má higiene bucal pode contribuir para tumores na região da cabeça e pescoço

O especialista reforça que o carcinoma oral de células escamosas (OSCC), tipo mais comum de câncer bucal, tem relação direta com má higiene oral e inflamações persistentes.

“São tumores agressivos, que podem começar com feridas simples que não cicatrizam. Muitas vezes o paciente ignora os sinais iniciais”, explica.

Sinais de alerta que exigem consulta com o dentista

Embora uma boca saudável se manifeste sem dor, sem sangramento, sem feridas e sem mau odor, alterações frequentes precisam ser avaliadas. Entre os principais sintomas que não devem ser ignorados estão:

  • Sangramento espontâneo ou ao escovar
  • Feridas que não cicatrizam
  • Mau hálito persistente
  • Sensibilidade intensa
  • Inchaço ou alterações na gengiva
  • Dor ao mastigar

Chaves reforça que a avaliação deve ser integral, observando hábitos de higiene, alimentação, saúde geral e rotina do paciente.

Prevenção é o melhor caminho

Para manter o equilíbrio microbiano e evitar o desenvolvimento de doenças bucais e sistêmicas, o especialista recomenda:

  • Escovação após as refeições
  • Uso regular de fio dental
  • Visitas periódicas ao dentista
  • Atenção a sinais persistentes
  • Evitar tabagismo e limitar consumo de álcool, fatores que aumentam o risco de câncer bucal

“Feridas, odor e sangramento não são normais. Esses sintomas precisam ser investigados para evitar que pequenas alterações evoluam para quadros graves”, conclui o professor.

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