Bruxismo afeta 4 em cada 10 brasileiros e pode comprometer saúde bucal e emocional

Distúrbio muitas vezes silencioso causa dores na mandíbula, desgaste dos dentes e está ligado ao estresse e à má qualidade do sono

Por Maria Clara Trajano Publicado em 03/07/2025 às 17:34 | Atualizado em 03/07/2025 às 17:37

Você acorda com a mandíbula dolorida, sensação de pressão na face ou dor de cabeça constante? Esses podem ser sinais de bruxismo, distúrbio caracterizado pelo apertar ou ranger involuntário dos dentes, geralmente durante o sono.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 40% da população brasileira convive com esse problema — muitas vezes sem saber.

“O bruxismo é multifatorial. Estresse, ansiedade, apneia do sono, refluxo e até o uso de certos medicamentos podem estar por trás do quadro. Em muitos casos, o paciente não percebe que está apertando os dentes à noite”, explica Juliana Moreira Chramosta, cirurgiã bucomaxilofacial com mais de 20 anos de experiência no tratamento de disfunções mandibulares.

Durante o dia, o ato de pressionar os dentes também pode acontecer, principalmente em momentos de tensão, como ao dirigir ou trabalhar em frente ao computador. Quando não tratado, o distúrbio pode levar a trincas dentárias, estalos na articulação da mandíbula, dificuldades ao mastigar e até alterações na fala.

Sintomas comuns

  • Dor ao acordar ou ao mastigar;
  • Sensação de pressão na mandíbula;
  • Zumbido ou dor no ouvido sem causa aparente;
  • Dores na face, ombros ou pescoço;
  • Problemas de sono e fadiga constante.

Segundo a especialista, o tratamento do bruxismo deve ser individualizado. O uso de placas oclusais sob medida, feitas com escaneamento digital e impressão 3D, costuma ser indicado para proteger os dentes durante o sono. Mas, em muitos casos, é preciso uma abordagem multidisciplinar, com psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas, a depender da gravidade e das causas.

“A boa notícia é que hoje temos recursos tecnológicos avançados que oferecem conforto e mais precisão ao paciente. Mas é essencial tratar a causa, e não apenas o sintoma”, reforça Juliana.

Além do acompanhamento odontológico regular, mudanças simples no estilo de vida podem ajudar:

  • Melhorar a qualidade do sono;
  • Evitar cafeína e álcool à noite;
  • Reduzir o estresse com técnicas de relaxamento;
  • Evitar roer unhas ou morder objetos duros.

“O bruxismo não é frescura nem moda. É um problema real, que pode afetar a saúde física e emocional. Buscar ajuda é essencial para retomar o equilíbrio e a qualidade de vida”, conclui a especialista.

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