Cirurgia metabólica é destaque como alternativa eficaz no controle do diabetes tipo 2

Procedimento pode levar à remissão total da doença em até 40% dos casos, mas acesso ainda é limitado no Brasil

Por JC Publicado em 13/11/2025 às 17:58

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Mais de 16 milhões de brasileiros convivem com o diabetes tipo 2, uma das doenças crônicas que mais crescem no País, e apenas 0,2% têm acesso a um dos tratamentos mais eficazes para seu controle: a cirurgia metabólica.

A informação é da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), que neste dia mundial de combate ao diabetes alerta para a importância do acesso ampliado ao procedimento, também conhecido como cirurgia para o diabetes tipo 2.

Ampliação do acesso e novas diretrizes

Desde maio deste ano, o Conselho Federal de Medicina (CFM) atualizou as regras para a indicação da cirurgia metabólica (Resolução nº 2.429/25), permitindo o procedimento para pacientes com IMC entre 30 e 35 que tenham diabetes tipo 2 associado a outras doenças, como cardiovasculares, renais, hepáticas, apneia do sono grave e osteoartrose.

O objetivo é beneficiar pessoas que, mesmo sem obesidade grave, convivem com complicações relacionadas à condição.

Benefícios clínicos comprovados

De acordo com o último relatório da International Diabetes Federation (2025), até 40% dos pacientes alcançam remissão total do diabetes tipo 2 após a cirurgia, especialmente quando o diagnóstico é recente e há acompanhamento multidisciplinar.

Estudos também indicam uma redução de até 45% na incidência da doença já no primeiro ano após o procedimento.

“O diabetes é uma condição crônica e progressiva que pode levar à insuficiência renal, necessidade de diálise, transplante e complicações cardiovasculares. A cirurgia metabólica reduz significativamente esses riscos e melhora a qualidade de vida”, explica o presidente da SBCBM, Juliano Canavarros.

Economia e sustentabilidade no sistema público

Levantamento da SBCBM mostra que, embora o procedimento seja coberto pelo SUS e por planos de saúde, o número de cirurgias ainda é pequeno diante da demanda: cerca de 80 mil em 2023.

Estudos do Hospital das Clínicas da USP apontam economia de cerca de US$ 62 por quilo perdido em custos com tratamentos complementares de obesidade e diabetes, o que reforça o impacto positivo do procedimento na sustentabilidade do sistema público de saúde.

“A cirurgia é custo-efetiva porque reduz gastos com medicamentos, internações e complicações crônicas”, destaca Canavarros.

Como a cirurgia metabólica age no organismo

A cirurgia metabólica, semelhante à bariátrica, não atua apenas na perda de peso. O procedimento provoca alterações anatômicas e hormonais, como o aumento da produção de GLP-1, hormônio que estimula a liberação de insulina, e melhora a sensibilidade do organismo a esse hormônio.

Entre as principais técnicas utilizadas estão o bypass gástrico e a gastrectomia vertical (sleeve), sempre indicadas após avaliação médica detalhada.

“Somente um médico especialista pode definir o melhor tratamento e avaliar as implicações para cada paciente”, reforça Canavarros.

Resultados de longo prazo

A SBCBM ressalta que os benefícios da cirurgia metabólica se mantêm por até dez anos, com melhora sustentada do controle glicêmico e redução do uso de medicamentos.

Além de prolongar a vida, o procedimento oferece qualidade e autonomia aos pacientes, reforçando seu papel como uma ferramenta eficaz e duradoura no combate ao diabetes tipo 2.

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