Com 20 milhões de pessoas com diabetes, Brasil está entre os seis países com mais casos no mundo
Federação Internacional de Diabetes alerta para avanço da doença no país, que também ocupa o 3º lugar mundial em número de casos do tipo 1

Nesta quinta-feira (26), quando é celebrado o Dia Nacional do Diabetes, os números em torno da doença reforçam um alerta importante: o diabetes está cada vez mais presente na vida dos brasileiros.
A Sociedade Brasileira de Diabetes aponta que cerca de 20 milhões de pessoas no país já convivem com algum tipo da condição — o que equivale, em média, a uma em cada dez pessoas.
Esse cenário coloca o Brasil entre os seis países com maior número de casos de diabetes no mundo, segundo a Federação Internacional de Diabetes.
E a tendência é de crescimento. A projeção é que, até o final da década, mais de 21 milhões de brasileiros tenham diagnóstico da doença.
Em relação ao tipo 1, que geralmente surge ainda na infância ou adolescência, o Brasil ocupa o 3º lugar no ranking global, com cerca de 600 mil pessoas convivendo com a condição.
O que causa diabetes?
O diabetes mellitus é uma doença crônica e não transmissível, causada pela produção insuficiente ou pela má absorção de insulina — hormônio responsável por regular a glicose (açúcar) no sangue e transformá-la em energia para as células do corpo.
Sem esse controle, os níveis de glicose se elevam, comprometendo o funcionamento de diferentes órgãos. A doença costuma ter origem hereditária e se manifesta em diferentes tipos:
Diabetes tipo 1
De origem hereditária, é geralmente diagnosticada na infância ou adolescência, mas que também pode surgir na vida adulta.
Representa entre 5% e 10% dos casos no Brasil. Pessoas com histórico familiar da condição devem realizar exames periódicos.
Diabetes tipo 2
Responde por cerca de 90% dos casos. Ocorre quando o organismo não utiliza adequadamente a insulina produzida.
Está associado a fatores como:
- Sobrepeso;
- Sedentarismo;
- Hipertensão;
- Alimentação inadequada.
Sintomas
Os sinais do diabetes podem variar bastante de uma pessoa para outra — e nem sempre são percebidos logo de início. Em muitos casos, os sintomas surgem de forma discreta e progressiva, o que pode atrasar o diagnóstico.
Entre os indícios mais comuns estão:
- Sede excessiva;
- Fome em excesso;
- Vontade frequente de urinar;
- Perda de peso sem motivo aparente;
- Fadiga e sensação constante de fraqueza;
- Náuseas e vômitos;
- Formigamento nas mãos e nos pés;
- Infecções frequentes (como nas vias urinárias ou na pele);
- Feridas que demoram a cicatrizar;
- Visão embaçada e alterações de humor.
Vale destacar que nem todos os sintomas aparecem ao mesmo tempo e que, em alguns casos, a pessoa pode não apresentar qualquer sinal nas fases iniciais da doença.
Por isso, a consulta com um médico é essencial para avaliação, diagnóstico e início do tratamento adequado.
Consequências para todo o corpo
A elevação constante da glicemia (nível de açúcar no sangue) pode provocar uma série de complicações em órgãos vitais, especialmente quando não há controle adequado da doença.
Entre os sistemas mais afetados de forma significativa, está a saúde ocular.
O acompanhamento oftalmológico regular é parte fundamental no cuidado com o diabetes. Segundo o oftalmologista Dr. Vasco Bravo Filho, diretor médico do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco e presidente da Sociedade de Oftalmologia do estado, o acompanhamento precoce com um especialista em retina é essencial para preservar a visão e garantir qualidade de vida.
“O diabetes pode provocar diversas alterações oftalmológicas, sendo a principal a retinopatia diabética. Com a glicemia elevada, há uma deterioração dos vasos sanguíneos em todo o corpo, incluindo os da retina. Isso pode evoluir para quadros graves e até cegueira irreversível”, explica o médico.
Entre as demais consequências do diabetes não tratado ou mal controlado, estão os infartos ou acidentes vasculares cerebrais (AVCs), além de comprometimentos renais que podem evoluir para insuficiência renal.
O sistema nervoso também pode ser afetado, resultando em neuropatias diabéticas, geralmente percebidas como formigamento ou perda de sensibilidade em extremidades como pés e mãos.
Como prevenir o diabetes
A principal estratégia para prevenir o diabetes tipo 2 e o agravamento de outras condições crônicas é a adoção de hábitos saudáveis, entre eles:
- Prática regular de exercícios físicos;
- Alimentação equilibrada e variada;
- Evitar o consumo excessivo de álcool, tabaco e outras substâncias prejudiciais.
Em casos de pré-diabetes, a prevenção também envolve mudanças no estilo de vida. Trata-se da única fase da condição em que é possível reverter o quadro, evitando a evolução para o diabetes tipo 2 e suas complicações associadas.
Tratamento pode ser realizado pelo SUS
O tratamento do diabetes depende do tipo da doença, mas em todos os casos é essencial contar com acompanhamento médico para controlar a glicose no sangue e evitar complicações.
Enquanto o tipo 1 costuma exigir o uso diário de insulina, o tipo 2 pode ser controlado com mudanças no estilo de vida e, se necessário, medicamentos.
No caso do pré-diabetes, hábitos saudáveis ajudam a reverter o quadro. Já na gestação, o controle deve ser feito ao longo de todo o pré-natal.
Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pessoas com diabetes têm direito ao acesso gratuito a medicamentos e insumos necessários ao tratamento, como insulina, antidiabéticos orais e materiais para monitoramento da glicemia.
Confira o episódio do videocast Saúde e Bem-Estar, do JC, sobre o tema