Novembro Diabetes Azul reforça alerta para retinopatia diabética, causa importante de cegueira evitável
Condição silenciosa e progressiva pode causar perda irreversível da visão; diagnóstico precoce e controle glicêmico são fundamentais para prevenir
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Visão embaçada, manchas ou distorções na visão podem indicar que a diabetes já está comprometendo os olhos. Durante o Novembro Diabetes Azul, campanha global de conscientização sobre a doença, o alerta também se volta para a saúde ocular: uma das áreas mais afetadas pelo descontrole glicêmico.
A retinopatia diabética, silenciosa nas fases iniciais e progressiva, é considerada uma das principais causas de cegueira evitável no mundo.
O que é a retinopatia diabética
A condição ocorre quando os pequenos vasos sanguíneos da retina, responsável por formar as imagens enviadas ao cérebro, sofrem danos devido à hiperglicemia prolongada. Nos estágios iniciais, os sintomas são raros, o que torna o diagnóstico precoce essencial.
“O paciente muitas vezes só procura o oftalmologista quando a visão central já está comprometida”, explica o oftalmologista e especialista em retina Paulo Saunders. “A hiperglicemia provoca alterações importantes nos vasos retinianos, e o acompanhamento regular é fundamental.”
A dimensão do problema
Dados divulgados pela revista The Lancet em 2024 mostram que o número de adultos vivendo com diabetes ultrapassou 800 milhões — quatro vezes mais do que em 1990. A pesquisa foi conduzida pela NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC) com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Além disso, levantamento do Ipec a pedido da farmacêutica Bayer revelou que 76% dos latino-americanos desconhecem a retinopatia diabética, mesmo sendo a principal causa de perda visual entre pessoas com diabetes.
Sintomas que merecem atenção
Embora frequentemente assintomática no início, os seguintes sinais podem surgir conforme a doença avança:
- Visão embaçada;
- Manchas, sombras ou pontos escuros na visão;
- Distorção das imagens;
- Perda da visão periférica ou central;
“Esses sintomas geralmente aparecem em fases moderadas ou avançadas. Por isso, quem tem diabetes deve procurar um retinólogo assim que recebe o diagnóstico”, reforça Saunders.
Tem cura?
A retinopatia diabética não tem cura, mas pode ser controlada, especialmente quando identificada cedo. As estratégias incluem:
- Controle rigoroso da glicemia com dieta, medicamentos e insulina;
- Tratamento com laser;
- Injeções intraoculares;
- Cirurgia vitreorretiniana em casos graves.
“Detectar cedo é o ponto-chave. O acompanhamento regular permite tratar antes que ocorram danos irreversíveis”, destaca o médico.