Check-up cardíaco: quando começar, quais exames fazer e por que a prevenção é fundamental
Infartos, AVCs e outras doenças cardiovasculares seguem como principal causa de morte no Brasil, mas diagnóstico precoce pode evitar perdas

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As doenças cardiovasculares continuam liderando o ranking das que mais matam no Brasil e no mundo. Só em 2024, mais de 240 mil brasileiros perderam a vida em decorrência de problemas no coração, segundo o Ministério da Saúde.
Infartos, AVCs e outras complicações têm um ponto em comum: muitas poderiam ser evitadas com diagnóstico precoce, acompanhamento médico e controle de fatores de risco.
Mas, afinal, quando é a hora certa de iniciar um check-up cardíaco e quais exames realmente fazem diferença?
A partir de que idade começar
Segundo a cardiologista Sandra Maria Alessandri, professora do curso de Medicina da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), pessoas saudáveis e sem histórico familiar já podem iniciar a avaliação preventiva aos 40 anos.
O ideal é começar com exames laboratoriais básicos — colesterol, glicemia, triglicérides e ácido úrico — e um eletrocardiograma.
“Se não há antecedentes importantes, esse pacote já é suficiente para começar uma avaliação”, explica a médica. “Mas em casos com histórico familiar de doenças cardiovasculares, o acompanhamento precisa começar ainda na infância e se intensificar por volta dos 30 anos”.
Fatores silenciosos que merecem atenção
Muitos riscos para o coração não apresentam sintomas nas fases iniciais. Colesterol alto, glicemia elevada, hipertensão arterial e alterações de ácido úrico são exemplos comuns. “Esses fatores, quando combinados, podem desencadear doenças arterioscleróticas graves”, alerta Alessandri.
A hipertensão e algumas arritmias também podem evoluir de forma silenciosa, reforçando a importância dos exames periódicos.
Jovens também precisam cuidar do coração?
Para adultos jovens com peso saudável, pressão normal e sem histórico familiar, avaliações detalhadas não são obrigatórias. Porém, há exceções.
“Se o jovem vai ingressar em atividades esportivas intensas, por exemplo, deve realizar exames como ECG, ecodopplercardiograma e teste ergoespirométrico”, recomenda a especialista.
Estilo de vida também pesa: tabagismo, má alimentação, sedentarismo e sono irregular aumentam significativamente o risco cardiovascular.
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Estresse, ansiedade e hormônios
Embora não apareçam em exames tradicionais, o estresse e a ansiedade afetam diretamente o coração. O excesso de cortisol pode elevar a pressão arterial, alterar a glicemia e prejudicar o sono.
“A avaliação começa por uma boa anamnese, onde se localizam os fatores estressantes. Depois, exames laboratoriais ajudam a medir o impacto”, afirma Alessandri.
No caso das mulheres, os hormônios também desempenham papel importante. Antes da menopausa, o risco cardiovascular é menor em comparação aos homens da mesma faixa etária, mas aumenta após a queda hormonal.
O uso de anticoncepcionais, especialmente aliado ao tabagismo, pode elevar a chance de eventos trombóticos.
Quando procurar o especialista
O clínico geral pode conduzir os exames iniciais e monitorar a pressão arterial. Mas, em caso de alterações ou sintomas sugestivos, a avaliação com cardiologista é indispensável.
“Mesmo sem sintomas, um bom exame clínico pode identificar sinais iniciais de doenças graves. A consulta especializada é a chance de prevenir antes que a situação se torne crítica”, reforça a médica.
Prevenção salva vidas
Segundo a Opas, mais de três quartos das mortes por doenças cardiovasculares ocorrem em países de baixa e média renda, como o Brasil. Entre as mortes prematuras por doenças crônicas, 37% têm origem cardiovascular.
“Não é que os pacientes resistam ao cardiologista — é que, sem sintomas, não se sentem motivados a ir”, avalia Alessandri. “Por isso, o papel do médico assistente é mostrar que o check-up salva vidas. Quanto antes começarmos, melhor”.