Morre Wayner Vieira de Souza, pesquisador da Fiocruz PE que contribuiu com fortalecimento da Saúde Pública no Brasil
Diplomático, respeitado e querido por seus colegas, orientou centenas de trabalhos e teve trajetória marcada pela excelência científica

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O pesquisador Wayner Vieira de Souza, do Departamento de Saúde Coletiva do Instituto Aggeu Magalhães (IAM), unidade da Fiocruz em Pernambuco, faleceu aos 68 anos, na noite da terça-feira (2), data em que o instituto completou 75 anos de existência.
Wayner teve uma trajetória marcada pela excelência científica, pelo compromisso com a formação de novas gerações de pesquisadores e pela defesa incansável da justiça social.
Diplomático, politizado, respeitado e querido por seus colegas, foi orientador de centenas de trabalhos e contribuiu de forma decisiva para o fortalecimento da pesquisa em saúde pública no Brasil.
"Wayner foi um construtor de sonhos. Sonhos coletivos, representados pelos grandes projetos de nossa instituição, que ajudou a realizar e sonhos individuais, vindos de um enorme quantitativo de orientações que mudaram a vida de tantos discentes que ajudou a formar", diz o diretor da Fiocruz Pernambuco, Pedro Miguel dos Santos Neto, colega de departamento de Wayner.
Ele ainda acrescenta que Wayner não foi só de um departamento da Fiocruz Pernambuco. "Wayner não foi só do Aggeu; ele foi da Saúde Coletiva do País. Deixa seu legado país afora e agora se fará presente na galeria de tantos brasileiros que lutaram pela ciência, pelo SUS, pela democracia e pela melhor vida para o nosso povo."
Graduado em Estatística pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Saúde Pública pela Fiocruz, Wayner foi um dos pesquisadores mais produtivos do instituto e um docente admirado por sua seriedade, generosidade intelectual e compromisso com a educação pública de qualidade.
Ao longo da carreira, ocupou importantes cargos na instituição: foi coordenador do Núcleo de Informação Científica e de Comunicação (1992–2001), vice-diretor de Pesquisa e Inovação (2006–2007) e vice-diretor de Ensino (2007).
"Wayner fará muita falta, e não só à Fiocruz. Ele era dessas pessoas que fará falta ao mundo. Ético, competente, inclusivo e, sobretudo, coerente e lutador incansável pela justiça social", relata a pesquisadora da Fiocruz Pernambuco Tereza Lyra, amiga e colega de departamento de Wayner, há mais de 20 anos.
Em 2024, ele foi homenageado pela 11ª Jornada Científica do Instituto Aggeu Magalhães, que concedeu, em seu nome, a premiação aos primeiros colocados de cada curso e programa de pós-graduação.
Na ocasião, Wayner também foi o palestrante da abertura do evento, compartilhando reflexões sobre o tema “Pós-graduação, Ciência, Tecnologia & Inovação”, com a lucidez e profundidade que lhe eram características.
"Venho me somar a todos os colegas e amigos do querido Wayner neste dia de tristeza e homenagens. Meu reconhecimento pelo seu trabalho incansável em defesa da ciência, do SUS e da pesquisa de alta qualidade e relevância. Nós nos aproximamos durante a minha gestão como vice-presidente de ensino informação e comunicação em 2011. Novos laços profissionais se criaram durante a epidemia de zika e as conversas sobre o futuro da Fiocruz e do SUS. Guardarei para sempre as flores virtuais que Wagner me enviou após minha saída do Ministério da Saúde", diz a pesquisadora da Fiocruz Nísia Trindade, ex-ministra da Saúde.
"O Instituto Aggeu Magalhães se solidariza com os familiares, amigos e colegas de Wayner neste momento de dor. Sua memória e legado permanecerão vivos entre nós. Em respeito à sua memória, o evento de aniversário de 35 anos da Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva, que aconteceria hoje (3/9), foi cancelado", comunicou, em nota, o IAM.
O velório do pesquisador acontece nesta quarta-feira (3/9), a partir das 14h, seguido do sepultamento às 16h, no Cemitério Memorial Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife.