Fonoaudiologia é aliada no sucesso da amamentação e no vínculo mãe-bebê
Especialistas destacam como o trabalho fonoaudiológico garante início seguro da alimentação e previne dificuldades orais em recém-nascidos

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O Agosto Dourado reforça mundialmente a importância do aleitamento materno, mas a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) chama atenção para um aspecto pouco comentado: o papel essencial da Fonoaudiologia desde os primeiros dias de vida. Mais do que instinto, mamar é um processo que exige coordenação neuromuscular e funções orais bem organizadas.
“Há ainda a crença de que todo bebê nasce sabendo mamar. Mas mamar exige uma integração funcional entre sucção, deglutição e respiração, e nem sempre isso acontece de forma espontânea”, explica Kizzy Nascimento, vice-coordenadora do Comitê de Alimentação e seus Distúrbios, do Departamento de Motricidade Orofacial da SBFa.
Atuação da Fonoaudiologia no início da vida
Na Motricidade Orofacial, o fonoaudiólogo avalia e intervém em dificuldades como reflexos orais ineficientes, postura incorreta da língua, problemas de coordenação motora e sinais de estresse durante a mamada.
Sem o diagnóstico e a intervenção precoces, esses fatores podem levar ao desmame precoce ou ao uso inadequado de bicos e mamadeiras.
Quando há condições clínicas complexas
Na área da disfagia (dificuldade ou incapacidade de engolir, afetando o transporte de alimentos, líquidos ou saliva da boca para o estômago), a Fonoaudiologia é indispensável no cuidado de bebês prematuros, com síndromes genéticas, malformações craniofaciais ou lesões neurológicas.
“O fonoaudiólogo avalia a segurança e eficácia da deglutição, identificando riscos de aspiração e propondo estratégias individualizadas, como ajustes de posicionamento, controle de fluxo do leite e transições seguras da sonda para a via oral”, afirma Lisiane de Rosa Barbosa, coordenadora do Comitê de Disfagia Infantil do Departamento de Disfagia da SBFa.
Saúde coletiva e cultura da amamentação
O trabalho do fonoaudiólogo vai além do atendimento individual. Na Saúde Coletiva, a atuação se volta à criação de ambientes sustentáveis para o aleitamento, com redes de apoio, ações interprofissionais e políticas públicas robustas.
“O estímulo à cultura da amamentação exige orientação contínua, especialmente em maternidades, unidades básicas de saúde e territórios vulneráveis”, destaca Roseane Rebelo Silva Meira, do Comitê de Linha de Cuidados do Grupo de Trabalho de Saúde Materno Infantil do Departamento de Saúde Coletiva da SBFa.