Canetas emagrecedoras 100% nacionais chegam às farmácias com preços mais acessíveis

Medicamentos com liraglutida começam a ser vendidos no Brasil a partir de R$ 307,26; obesidade deve afetar 41% dos adultos até 2035

Por Maria Clara Trajano Publicado em 01/08/2025 às 18:14

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A partir da próxima segunda-feira (4), entram em distribuição nas farmácias do Brasil as primeiras canetas com fabricação totalmente nacional voltadas ao tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. Com preços iniciais de R$ 307,26, os medicamentos devem ampliar o acesso a uma terapia que vem ganhando espaço no mundo todo.

O lançamento ocorre em meio ao avanço da obesidade no Brasil. Projeções da World Obesity Federation indicam que, até 2035, 41% dos adultos brasileiros devem atingir algum grau de obesidade.

No cenário global, o crescimento também preocupa: dados reunidos pela revista The Lancet com apoio da Organização Mundial da Saúde mostram que os índices de obesidade mais que dobraram entre adultos e quadruplicaram entre crianças e adolescentes entre 1990 e 2022.

"Talvez um dos fatores mais preponderantes seja a mudança dos hábitos alimentares que se observa desde os anos 1970. Com pouco tempo para comer, as pessoas deixaram de fazer as refeições em casa e passaram a optar por comidas mais rápidas e mais calóricas. Normalmente, ultraprocessados. A vida urbana também limita, em tempo e espaço, a prática de exercícios físicos regulares", explica a endocrinologista Alessandra Rascovski, da Clínica Rascovski.

Canetas usam substância que imita hormônio da saciedade

As novas canetas utilizam a liraglutida como princípio ativo, substância já conhecida no manejo do diabetes tipo 2 e, mais recentemente, incorporada ao tratamento da obesidade.

"Inicialmente desenvolvidas para combater a diabetes, as canetas para emagrecer vem sendo usadas por especialistas também no combate à obesidade, um uso off label, mas que não é prejudicial”, explica a endocrinologista.

“E já há canetas voltadas especialmente para a obesidade, inclusive, aprovadas pela Anvisa. Em geral, elas agem simulando a ação do GLP-1, hormônio produzido no intestino que regula a glicemia, diminui a fome e aumenta a saciedade", detalha.

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Obesidade está associada a outras doenças

A urgência no combate à obesidade se justifica pelos riscos à saúde pública.

"As principais causas de morte em todo o planeta são doenças em que o sobrepeso tem muita participação. Por isso, a importância de entender e combater essa condição, que não é apenas individual. Quanto menor a escolaridade, por exemplo, maiores os índices. Precisamos de políticas públicas e de acesso à informação também", ressalta a endocrinologista.

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