Agentes de saúde de Pernambuco são capacitados para detectar peste bubônica em projeto da Fiocruz
O projeto visa evitar surtos da peste em regiões rurais. Para isso é necessário monitoramento constante e rápida resposta das equipes de saúde locais

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A peste bubônica, doença infecciosa transmitida por pulgas que parasitam roedores e potencialmente fatal se não tratada, segue sendo motivo de atenção em regiões brasileiras onde existem focos naturais da bactéria Yersinia pestis, que causa a doença.
Embora esteja sob controle e os casos sejam raros, a enfermidade ainda exige ações preventivas para evitar sua reemergência.
Com esse objetivo, agentes de saúde e de combate a endemias de municípios do interior de Pernambuco participaram de uma capacitação voltada ao uso de um teste rápido em cães e de um aplicativo de georreferenciamento de amostras.
As atividades fazem parte de um esforço coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio do Ministério da Saúde, para modernizar a vigilância epidemiológica da peste diante de mudanças ambientais e da diminuição de equipes especializadas.
Testes rápidos e geolocalização de dados tornam vigilância mais eficiente
Na prática, os profissionais são instruídos a aplicar um teste rápido desenvolvido por pesquisadores da Fiocruz, que pode indicar, em poucos minutos, se o animal esteve exposto à bactéria Yersinia pestis.
O exame é feito a partir de algumas gotas de sangue e não exige o envio da amostra para laboratórios, o que agiliza o processo em áreas de difícil acesso.
“Os cães que testarem positivo não desenvolvem sintomas importantes nem são transmissores da doença, portanto não precisam ser sacrificados. Eles são sentinelas valiosos para a vigilância da doença, indicando onde há circulação do agente causador da peste em animais silvestres”, explica Matheus Bezerra, microbiologista da Fiocruz PE.
Aplicativo registra localização exata das amostras, mesmo offline
Além dos testes, os agentes estão sendo treinados no uso do aplicativo SISS-Geo (Sistema de Informação em Saúde Silvestre), que permite registrar e georreferenciar cada amostra testada.
A ferramenta, mesmo quando usada em áreas sem acesso à internet, armazena dados de localização por GPS e os sincroniza automaticamente assim que o sinal é restabelecido.
O sistema também é capaz de emitir alertas sobre situações que mereçam maior atenção por parte das autoridades sanitárias.
As atividades mais recentes ocorreram em junho, nos municípios de Exu, Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde, no sertão de Pernambuco. Ao todo, 34 profissionais participaram do treinamento e realizaram testes em 159 cães. A iniciativa segue para os estados de Alagoas e Bahia a partir de agosto.
Ministério da Saúde alerta para risco de reemergência
Mesmo com número reduzido de casos no Brasil, a peste bubônica continua sendo uma zoonose com potencial de reativação em áreas específicas.
A consultora técnica da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Marília Lavocat, alerta que o abandono da vigilância nos últimos anos representa um risco para populações vulneráveis.
“Com as transformações ambientais nas áreas historicamente endêmicas e a saída de muitos profissionais especializados, tornou-se essencial retomar essas ações com uma nova abordagem. Estamos redefinindo objetivos, incorporando novas tecnologias e capacitando equipes locais para fortalecer o monitoramento, a detecção precoce e a resposta rápida”, declarou.
O debate também está em alta fora do Brasil. Recentemente, um morador do Arizona (EUA) morreu vítima da bactéria Yersinia pestis, causadora da peste.
A peste bubônica foi a responsável pela devastadora Grande Peste na Idade Média, uma das pandemias mais mortais da história.
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